terça-feira, 30 de outubro de 2007

Um piropo vale 46 camelos

Um tribunal beduíno condenou um homem a pagar 46 camelos, a comutação de uma pena que previa também que lhe fosse cortada a língua, por ter lançado um píropo a uma mulher de uma outra tribo.
O caso, relatado pelo diário egípcio "Ajbar al Yom", passouse num acampamento no sul da península do Sinai (Egipto), onde vigoram leis especiais impostas pelos próprios beduínos.

[Árabes nómadas dos desertos do Norte de África e Médio Oriente, que se regem por códigos muito rígidos elaborados pelos próprios, os beduínos agrupam-se em tribos, formando uma sociedade fortemente centrada no elemento masculino, em que as mulheres trabalham e os homens ficam nas tendas a beber chá, a conversar e descansar das viagens pelo deserto. Foram eles responsáveis pela domesticação do camelo. A riqueza das tribosassenta no número de animais que possuem].

O acusado lançou piropos a uma mulher, que na altura cuidava do gado, ao passar de carro, pelo que deverá também entregar o veículo, segundo a pena imposta.

Além disto deverá pagar 40 camelos ou o equivalente ao seu valor, calculando em 80000 libras egípcias (mais de 10000 euros).

A sentença original previa ainda que se cortasse a língua ao galã, mas após três horas de árduas negociações entre o tribunal, os advogados e as famílias, foi decidido comutar a pena contra pagamento de mais de seis camelos.

Um destes animais terá de ser "original", quer dizer de uma raça muito apreciada pelos árabes pela sua velocidade superior.

Entre as acusações a que teve de responder, figura a de ter prejudicado a mulher durante as suas horas de trabalho, já que teve de abandonar o gado para ir queixar-se à família. Um dos advogados da mulher assinalou como agravante que não tinha havido nenhum prévio pedido de namoro.

De acordo com as leis beduínas, o homem deve comunicar o seu interesse por uma mulher a um emissário, que transmite a mensagem à visada e fica à espera do seu consentimento.

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