terça-feira, 30 de outubro de 2007

Kweitey

It was after dark by the time we returned to Kete Krachi but our spirits were not dampened.

The film crew arrived the next night and we all agreed to rise early the next day to do some scouting. Typically, everyone was late and we departed later than planned.
Early on, however, we spotted a boat that looked suspicious. As Albert talked with the master he became certain that we were dealing with a trafficked child. The young fellow was very quiet and diligent.


He was reluctant to talk with us but finally was persuaded to visit with Albert and Kofi. We learned he was working from a village that was on an Island named “Lala” (no wise cracks about my affinity with “Lala Land”!). At approximately 1:00 we landed at Lala (tht’s tye typical time masters bring their catch ashore, mend nets, get food and a little rest before returning to the lake) and sure enough, there was Christian (the master) and Kweitey (the child).

After some very intense negotiations and a lot of pressure from the local “Opinion Leader” (sort of a village elder) Christian reluctantly agreed to release Kewitey on Monday. Alex (bless her!) was very assertive and after much pressure, Kweitey went home with us that afternoon.

Kweitey was initially very shy and somewhat fearful that things might be going from bad to worse.

However, by midday he was better and by the following day he was involved in soccer games with the others and showing a great deal of promise in an impromptu class taught by Alex.




Um piropo vale 46 camelos

Um tribunal beduíno condenou um homem a pagar 46 camelos, a comutação de uma pena que previa também que lhe fosse cortada a língua, por ter lançado um píropo a uma mulher de uma outra tribo.
O caso, relatado pelo diário egípcio "Ajbar al Yom", passouse num acampamento no sul da península do Sinai (Egipto), onde vigoram leis especiais impostas pelos próprios beduínos.

[Árabes nómadas dos desertos do Norte de África e Médio Oriente, que se regem por códigos muito rígidos elaborados pelos próprios, os beduínos agrupam-se em tribos, formando uma sociedade fortemente centrada no elemento masculino, em que as mulheres trabalham e os homens ficam nas tendas a beber chá, a conversar e descansar das viagens pelo deserto. Foram eles responsáveis pela domesticação do camelo. A riqueza das tribosassenta no número de animais que possuem].

O acusado lançou piropos a uma mulher, que na altura cuidava do gado, ao passar de carro, pelo que deverá também entregar o veículo, segundo a pena imposta.

Além disto deverá pagar 40 camelos ou o equivalente ao seu valor, calculando em 80000 libras egípcias (mais de 10000 euros).

A sentença original previa ainda que se cortasse a língua ao galã, mas após três horas de árduas negociações entre o tribunal, os advogados e as famílias, foi decidido comutar a pena contra pagamento de mais de seis camelos.

Um destes animais terá de ser "original", quer dizer de uma raça muito apreciada pelos árabes pela sua velocidade superior.

Entre as acusações a que teve de responder, figura a de ter prejudicado a mulher durante as suas horas de trabalho, já que teve de abandonar o gado para ir queixar-se à família. Um dos advogados da mulher assinalou como agravante que não tinha havido nenhum prévio pedido de namoro.

De acordo com as leis beduínas, o homem deve comunicar o seu interesse por uma mulher a um emissário, que transmite a mensagem à visada e fica à espera do seu consentimento.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Jogo limpo por linhas tortas

George Orwell escreveu uma vez que "o desporto a sério não tem nada a ver com o fair play". "Está cheio de ódio, inveja, vaidade, um completo desrespeito pelas regras e um prazer sádico em testemunhar actos de violência. Por outras palavras, é uma guerra sem os tiros", escreveu. É claro que Orwell era conhecido por ser particularmente cínico, mas o desporto praticado no seu tempo, o início do séc. XX, embrulhado na brutalidade dos nacionalismos excessivos que marcaram essa época da história da humanidade, dava-lhe alguma razão. Entretanto as coisas mudaram. Cem anos podem ter esse efeito na humanidade em geral e no desporto em particular. O "fair play" é uma parte fundamental do desporto moderno e uma das bandeiras da FIFA e da UEFA, por exemplo. Contudo, mesmo em pleno século XXI, há alturas em que o desporto a sério não tem nada a ver com "fair play", alturas em que é difícil perceber onde começa e onde acaba o jogo limpo. Será que existe "fair play" em explorar a desvantagem de uma equipa adversária que resulta de lesão pontual de um dos seus jogadores? Será que existe "fair play" em simular uma lesão para travar o normal fluxo de jogo? Quem pode avaliá-lo? De acordo com os meios mais recentes orientações da UEFA, a desicão sobre a necessidade de paragem do jogo para assistir um jogador é a exclusiva responsabilidade do árbitro. E já vai sendo tempo de os árbitros assumirem as suas responsabilidades, libertando os jogadores do peso de decisões que não lhes compete tomar e que podem ter influência na desfecho do jogo.

Vinte anos não bastaram para curar o planeta

Em 1987, um relatório de uma comissão da ONU pôs no papel a ideia do desenvolvimento sustentável e declarou que era preciso agir rápido. Agora, um novo relatório das Nações Unidas diz que nesses vinte anos houve avanços, mas no essencial mantêm-se os problemas ambientais mais importantes
O que é que mais um mega-relatório ambiental pode acrescentar de novo ao que já se sabe sobre as feridas do planeta? O quarto Global Environment Outlook (GEO-4), um maciço documento de quase 600 páginas, ontem divulgado pelas Nações Unidas, traz, no mínimo, um raciocínio que merecia ser feito. Em 1987, o relatório O Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento - conhecido como Relatório Brundtland -, alertou para graves problemas e apelou à acção. Agora, vinte anos depois, a mensagem não é muito diferente: o GEO-4 diz que os principais problemas se mantêm e agora é preciso agir ainda mais rápido. "Não há nenhum dos temas levantados em O Nosso Futuro Comum para o qual as tendências futuras sejam favoráveis", sentencia o relatório, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP, na sigla em inglês).O que correu bem e o que correu mal nessas duas décadas, é isso o que procuraram responder 390 especialistas, apoiados por mais de mil revisores científicos.Do lado positivo, por exemplo, avançou a cooperação internacional - preconizada no Relatório Brundtland, em 1987. Vários tratados internacionais foram assinados e pelo menos um deles está a funcionar muito bem - o Protocolo de Montreal, que praticamente baniu os gases que destroem a camada de ozono.Multiplicaram-se as áreas protegidas, para preservar a biodiversidade, controlaram-se alguns problemas de poluição, aumentou o nível de acesso a água tratada e saneamento.Ameaças persistentesMas, no essencial, as ameaças que mais seriamente assombravam a Terra há vinte anos continuam válidas ainda hoje, dos cenários dantescos das alterações climáticas, ao funesto desaparecimento de espécies selvagens, passando por riscos persistentes à saúde humana, como o da poluição da água e do ar (ver caixas).O mundo mudou substancialmente nesse período. A população mundial saltou de cinco mil milhões de habitantes para 6,7 mil milhões. A economia cresceu, embora de modo desigual. O PIB per capita global era de 8162 dólares (5830 euros) em 2004, contra apenas 5927 dólares (4234 euros) em 1987.Mas, mesmo com o benefício dos avanços tecnológicos, a pressão sobre o planeta também cresceu. Segundo o GEO-4, a "pegada humana" está acima das capacidades naturais da Terra. Cada pessoa precisa de 21,9 hectares do planeta para sustentar o seu actual nível de vida, bastante acima do limite de regeneração biológica, que é de 15,7 hectares. Ou seja, "a quantidade de recursos necessários para sustentar [a população] excede os que estão disponíveis", diz o relatório.É exactamente isto o que não queria o Relatório Brundtland, que lançara o conceito do "desenvolvimento sustentado", no qual a economia, o ambiente e o bem-estar social devem andar de mãos dadas."A resposta da comunidade internacional à comissão Brundtland foi, em alguns casos, corajosa e inspiradora", afirma o director-executivo da UNEP, Achim Steiner, num comunicado. "Mas muitas vezes tem sido lenta, a um ritmo e uma escala que não reconhecem nem respondem à magnitude dos desafios que as pessoas e o planeta enfrentam", completa Steiner.Em alguns pontos, o relatório chama a atenção para pontes entre problemas ambientais e tensões de outra ordem. Cita, por exemplo, que as alterações climáticas podem afectar zonas semi-áridas em África, reduzindo a extensão do período arável. E isto pode levar a conflitos. Alguns analistas consideram que a actual crise no Darfur, Sudão, está intimamente relacionada com mudanças no clima ao longo das últimas décadas.Migrações ambientaisO relatório também foi encontrar um exemplo de migrações ambientais no fluxo de africanos que têm procurado entrar ilegamente na Europa, nos últimos anos, muitas vezes com resultados trágicos. "A exploração das pescas na África ocidental por frotas russas, asiáticas e europeias aumentou seis vezes entre 1960 e 1990", diz o relatório. "Devido a esta sobre-exploração (...) muitos pescadores artesanais da costa africana ocidental estão agora a migrar para algumas das regiões que estão a explorar os seus recursos".Sem praticamente trazer dados inéditos, o relatório diz que o seu objectivo não é apresentar um cenário aterrador, mas servir como "um apelo urgente à acção". Não era muito diferente a conclusão do Relatório Brundtland, há vinte anos.

Processos de treino

Delimitação conceptual

Exercício - Brito (2003) considera o exercício como um meio/instrumento técnico - pedagógico fundamental que o treinador/professor dispõe par elevar e potenciar o nível de prestação/rendimento dos seus jogadores/alunos.

Treino - Segundo Castelo (2000) "treino é um processo pedagógica que visa desenvolver as capacidades técnicas, tácticas, físicas e psicológicas dos praticantes e das equipas no quadro específico das situações competitivas através da prática sistemática e planificada do exercício, orientada por princípios e regras devidamente fundamentadas no conhecimento científico".

Técnica - Matveiev (citado por Ferreira, 2001) considera a técnica como o modelo ideal da acção competitiva (mental, verbal, gráfico, matemático ou outro) elaborado com base na experiência prática ou mesmo teórica.

Táctica - Waineck (citado por Ferreira, 2001) entende a táctica como o comportamento racional regulado pela própria capacidade de rendimento do praticante, do adversário e das condições exteriores, no confronto individual ou colectivo.

Acções Técnico - Tácticas - Citando Maçãs e Brito (2000) podemos afirmar que estas são " os meios de base a que os jogadores recorrem, quer individualmente, quer colectivamente, tanto na fase de ataque, como na fase de defesa, no sentido de solucionar as situações concretas do jogo".

Princípios de jogo - Brito (2003) define princípios de jogo como sendo "as linhas orientadoras básicas que coordenam as atitudes e comportamentos técnico - tácticos dos jogadores quer no processo ofensivo, quer no processo defensivo".

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Metodologia de Treino Coerver


1 • Ball Mastery: Exercícios em que cada jogador trabalha individualmente com a bola, usando repetições com os dois pés.
2 • Receiving and Passing: Exercícios para melhorar o primeiro toque, encorajando e ensinando passes arriscados e criativos.
3 • Moves (1v1): Exercícios e jogos para ensinar movimentações individuais para criar espaço em relação às defesas contrárias.
4 • Speed: Exercícios e jogos que permitem melhorar a aceleração, as corridas com e sem bola, bem como a mudança de direcção.
5 • Finishing: Exercícios e jogos para ensinar técnicas e encorajar o remate instintivo.
6 • Group Play: Exercícios e jogos para melhorar as combinações entre pequenos grupos com ênfase no contra-ataque rápido.
O primeiro bloco (Ball Mastery) é a base do desenvolvimento do jogador e é essencial para o progresso dos outros blocos. No entanto, esta pirâmide não pode ser entendida duma forma estanque, isto é, cada nível não deve ser trabalhado ao máximo de forma a trabalhar-se o nível seguinte. Em vez disso, o progresso do jogador deve ser conseguido à medida que as capacidades e as técnicas descritas em cada bloco se tornarem progressivamente mais fortes. A metodologia de treino Coerver® é recomendada por grandes individualidades do mundo do futebol, sendo a seguir apresentadas algumas das suas opiniões:• Arsene Wenger, treinador do Arsenal " É essencial que os jovens jogadores com menos de 15 anos usufruam das melhores metodologias disponíveis de forma a desenvolvermos jogadores de elevado nível no futuro. Neste sentido, eu admiro a metodologia Coerver®, pois é original e a sua ênfase é feita na melhoria das capacidades individuais como base para ensinar os jovens jogadores é, na minha opinião, correcta. É uma componente importante no desenvolvimento do futebol nos jovens do Arsenal. "• Franz Beckenbauer, campeão do mundo pela Alemanha " Eu aprecio muito a metodologia Coerver®, pois é muito orientada para a melhoria das capacidades técnicas. Treinar as capacidades técnicas e os jogos que são usadas nesta metodologia é para os jovens jogadores a chave para se tornarem jogadores de futebol com muito valor. "• Aime Jacquet, treinador da selecção Francesa campeã do mundo em 1998 "Eu acredito que os jovens que usufruem nos seus treinos desta metodologia beneficiam de um dos métodos de treino líder em termos mundiais, tendo inclusivamente ajudado o futebol Francês a ter mais sucesso."• Roberto Rivelino, campeão do mundo pelo Brasil " Qualquer jogador jovem a partir dos 8 anos devia evoluir no futebol com este tipo de abordagem. Eu estou plenamente convencido do valor desta metodologia. "• Juergen Klinsman, campeão do mundo pela Alemanha " Eu certamente que usufrui em algumas situações deste tipo de metodologia quando era jovem... e certamente que me tornou um jogador melhor. "• Osvaldo Ardiles, campeão do mundo pela Argentina " Esta metodologia é fantástica... podendo melhorar toda uma geração de futuros jogadores "• Gerard Houllier, director da federação francesa de futebol em 1998 " O aspecto mais importante na aprendizagem de jogadores jovens é a técnica... e seguindo esta prioridade certamente ajudou a que a França se tornasse campeã do mundo. Nós usamos e continuamos a usar esta metodologia para ajudar os jovens jogadores de futebol na França. " . . .Dá que pensar não dá? Houllier campeão de França pelo Lyon, já treinou o Liverpool. Klinsmann terceiro classificado no Mundial de 2006 pela Alemanha. Aime Jacquet campeão do Mundo pela França em 1998. Arsene Wenger, um dos melhores formadores do mundo e campeão pelo Arsenal, finalisata da Champions no ano passado... Eles pensam assim... Contra factos não há argumentos. Era disto que ía falar na reunião de hoje... que ía haver, mas já não há. Paciência...

Festival TRIP anima zonas ribeirinhas

A noite de sábado vai ser diferente nas zonas ribeirinhas de Porto e Gaia, que vão ser invadidas por animação de ruae espectáculos inéditos emPortugal. Esta vai ser uma pequena antecipação de um megafestival, o TRIP– Festival Internacional de Rua, que pretende transformar-se numa referência cultural em Portugal. O TRIP, cuja primeira edição será em Setembro de 2008, pretende ser o grande momento cultural e turístico de toda a Área Metropolitanado Porto, vocacionado para captar públicos nacionais e internacionais
No sábado, a animação começa às 22h30, com a actuação dos Per’Curtir que vão percorrer as ruas entre o Palácio da Bolsa e a Praça do Cubo, no coração da Ribeira do Porto. Depois, e com os holofotes apontados ao rio Douro, as cidades do Porto e de Gaia vão testemunhar actuações distintas num programa de animação com duas horas que tem como grande momento, inédito e simbólico, a travessia do rio Douro pelo equilibrista Ramon Kelvink, à semelhança do que já fez nas maiores capitais do Mundo. O equilibrista vai percorrer 200 metros de cabo de aço (sem rede de protecção), ligando as duas margens, numa travessia acompanhada de efeitos luminosos e pirotécnicos. O Festival de rua contempla ainda o espectáculo Mobile Home, uma performance da companhia de teatro de rua Transe Express que se vai apresentar por cima do rio. Destaque ainda para o desfile de zés-pereiras e gaiteiros e, no final da noite, na Praça Super Bock, no cais deGaia, para a actuação dos portugueses Mesa.

25% dos europeus correm risco de roubo de identidade na net


Um em cada quatro europeus (25%) corre sérios riscos de roubo de identidade ou de fraude online devido à fragilidade das suas palavras-passe, alerta estudo recente da McAfee, empresa de tecnologia de segurança

Esta vulnerabilidade dos inquiridos deve-se ao facto de 24% deles utilizarem sempre a mesma palavra-passe para aceder a todas as suas contas. Destes, aproximadamente metade (43%) nunca as altera, o que aumenta o risco de exposição da sua identidade, bem como a possibilidade da senha ser roubada ou pirateada.
Cerca de 16% dos inquiridos alteram este tipo de código de acesso uma vez por ano e somente 11% a muda três vezes por ano, como é recomendado.
Esta negligência na segurança só facilita a vida aos cibercriminosos, pois «é como deixar as chaves do nosso carro na ignição», refere Mathew Bevan, um ex-pirata informático.
Passwords devem ser longas
Para evitar a susceptibilidade às ameaças, os especialistas em segurança aconselham o uso de palavras-passe extensas e complexas, algo que não é seguido na prática. De frisar ainda que um terço dos europeus usa senhas compostas por um a seis caracteres.
Palavras mais frequentes
Dos nomes mais utilizadas na Europa destacam-se o do animal de estimação, as datas de aniversário, a equipa de futebol ou a cor favorita, o nome do parceiro e mesmo o seu nome próprio. O hobby e o primeiro colégio também são escolhas frequentes.
Falta de código no telemóvel
Na comunicação móvel, os cuidados também são poucos, sendo que dois terços dos inquiridos não dispõem de código PIN para protecção dos seus dispositivos. Dos que dispõem de código, 76% não o alteram e 29% utilizam o predefinido por defeito.

Portugal e mais 23 países assinam Convenção contra Exploração e Abuso Sexual

Portugal e mais 23 países, dos quais 14 da União Europeia (UE), assinaram hoje uma Convenção do Conselho da Europa contra a Exploração e Abuso Sexual Crianças que visa criminalizar práticas como a pornografia infantil em alguns Estados.
Em declarações à agência Lusa, o ministro da Justiça português explicou que a convenção «serve para proteger melhor as crianças, criminalizando práticas que em certos Estados não estavam contempladas na lei penal».
De entre essas práticas, Alberto Costa destacou «a pornografia infantil, o recurso à pornografia infantil e a exploração sexual no ciberespaço», realçando que entre os 24 países assinantes, muitos dos que não fazem da UE «não tem a sua ordem jurídica-penal actualizada nestas matérias».
Quanto a Portugal, o ministro considera que «o trabalho de casa está feito com a entrada em vigor do novo Código Penal (CP), que contemplou todas estas novas necessidades de protecção das crianças».
Porém, adiantou que "quando esta convenção for aprovada pela Assembleia da República e promulgada pelo Presidente da República será necessário afinar a situação dos condenados por crimes sexuais contra crianças".
De entre estes ajustes, Alberto Costa destacou a proibição de acesso dos condenados por crimes sexuais a certas actividades profissionais que sejam de contacto directo com as crianças, para evitar a reincidência".
A convenção deverá entrar em vigor em Portugal no próximo ano e servirá de base para o «desenvolvimento e aperfeiçoamento do direito à luz dos padrões internacionais».
A adopção deste texto integra-se no programa trienal "Construir uma Europa para e com as crianças", lançado há um ano pelo Conselho da Europa e integrado por 47 países que têm como objectivo a defesa dos direitos humanos e do Estado de Direito.
Reunidos em Espanha, os ministros da Justiça dos 47 Estados do Conselho da Europa vão hoje e sexta-feira analisar também uma aproximação comum no acesso à justiça por parte de grupos mais vulneráveis como é o caso dos imigrantes, nomeadamente os ilegais, candidatos a asilo e menores.
Alberto Costa, enquanto representante da presidência portuguesa da UE, explicou que pretende dar conta das medidas que têm sido impulsionadas pelos 27 estados-membros.
«Uma das nossas prioridades é a protecção das crianças. Pretendo falar da criação do portal europeu de Justiça com a inclusão de uma lista de crianças desaparecidas e a criação do sistema de alerta de rapto com ajuda da comunicação social».
Questionado sobre a proposta do ministro italiano das Comunicações para a criação de uma polícia europeia contra a pedofilia, assim como de uma lista negra de sítios na Internet com pornografia infantil, o ministro da Justiça defendeu «não tanto a multiplicação de organizações, mas sim, uma melhoria imediata da capacidade de intervenção e dos resultados da Europol».
«Há vários anos que estamos a trabalhar no sentido de dotar de condições a Europol. O problema está na articulação das polícias nacionais», concluiu.
Segundo dados apresentados em Maio, os crimes sexuais contra crianças e jovens triplicaram em Portugal nos últimos cinco anos, tendo a Polícia Judiciária registado 1.300 casos em 2006 contra menos de 400 em 2001.
Dos casos de abuso sexual registados em 2006, 81% (quatro em cada cinco) foram cometidos por familiares próximos e 28% por vizinhos.
A maioria dos crimes fora cometida em casa (60,45%) e os restantes em locais ermos (7,69%), escolas ou colégios (4,46%) ou em meios de transporte (4,22%).
Os dados referem ainda que 34% das mães das crianças e dos jovens são as principais denunciadoras.
Estes crimes são também denunciados pelo pai (14%), pelas comissões de protecção de menores (10%), pelo tribunal (7%) e pelas escolas (cinco por cento). Em 96% dos casos o agressor era do sexo masculino.

Investimento de 955 milhões em Vilamoura cria lagos navegáveis com casas e hotéis


O projecto Cidade Lacustre inclui três lagos e vários canais, em redor dos quais vão surgir vivendas e apartamentos com decks sobre a água, piscinas e postos de amarração
Um conjunto residencial de vivendas e pequenos prédios rodeado de canais de água e de lagos navegáveis, pelo menos dois hotéis de luxo, dois aldeamentos turísticos e uma zona comercial são os principais atractivos do projecto Vilamoura, Cidade Lacustre, que representa um investimento de 955 milhões de euros e cujas obras devem arrancar no próximo ano.O projecto, que foi apresentado ontem no Salão Imobiliário de Lisboa, vai desenvolver-se numa área de 16.800 hectares junto à marina de Vilamoura, à praia da Falésia e a cinco campos de golfe. Para o local está prevista a construção de uma área de 316 mil metros quadrados, entre as vertentes residencial, comercial e turística.A água é a grande protagonista do projecto, que inclui três lagos e vários canais navegáveis, além de um total de cerca de 300 postos de acostagem, permitindo aos residentes e aos turistas circular no interior da Cidade Lacustre nos seus barcos privados, em táxis aquáticos ou nas pontes e caminhos pedonais que vão ser criados para o efeito. No total, segundo o director de relações externas da Lusort, haverá "300 mil metros quadrados de superfície de água e quase oito quilómetros de margem", estando prevista uma monitorização "em contínuo" da qualidade da água e a sua "renovação total" a cada 34 dias. O projecto prevê um investimento de 955 milhões de euros, dos quais 100 milhões são para infra-estruturas e 525 para a edificação das zonas comerciais, de mais de 2490 residências e de pelo menos dois hotéis de cinco estrelas e dois aldeamentos turísticos, com um máximo de 3085 camas. Jorge Moedas acredita que a construção das infra-estruturas poderá arrancar no primeiro semestre de 2008 e prolongar-se durante cerca de dois anos, após o que terá início a construção dos edifícios. As moradias e os apartamentos vão nascer na margem dos lagos, com decks projectados sobre a água, piscinas e postos de amarração para embarcações com um comprimento máximo de 12 metros. A zona central do complexo vai ter 14 mil metros quadrados de zonas comerciais, mais de 500 lugares de estacionamento subterrâneo e um palco central sobre a água, onde haverá espectáculos e animação. "É um projecto que certamente marcará o futuro de Vilamoura e do Algarve", afirmou o director de relações externas da Lusort, defendendo que o Cidade Lacustre, da autoria do estúdio de arquitectura de Rafael de la Hoz, assenta "num conceito absolutamente inovador" devido à sua "ligação à água". Segundo Jorge Moedas, a comercialização dos imóveis ainda não tem data para arrancar, mas já se sabe que a Inglaterra, Irlanda, Alemanha e Portugal serão mercados privilegiados para o efeito. A Lusort é um dos cerca de 160 expositores do Salão Imobiliário de Lisboa, de acordo com uma lista divulgada pela organização e que inclui promotores, mediadores, empresas de construção, instituições financeiras, gabinetes de arquitectura e empresas de gestão de condomínio. Cerca de 30 mil visitantes são esperados no Salão Imobiliário de Lisboa (SIL), que arrancou ontem e se prolonga até domingo no Parque das Nações, número que representa um acréscimo de 32 por cento em relação à última edição. A Câmara de Lisboa não está presente no certame, por razões de "contenção de custos", mas em comunicado apregoa a importância do SIL "como centro de negócios e de contactos imobiliários" e classifica-o como "o principal evento de dinamização do sector em Portugal".

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Treino Científico - Câmaras hipóxicas

O que são câmaras hipóxicas? Hipoxia é por definição a diminuição do teor de oxigénio no sangue. Esse é um dos efeitos da altitude no organismo, o que, por outro lado, obriga a um transporte mais eficaz desse mesmo oxigénio às células, o que se consegue através do aumento da produção de eritropoietina endógena e consequente subida do hematócrito (percentagem de glóbulos vermelhos, as células que transportam o oxigénio). É isto que se pretende com a utilização das câmaras hipóxicas - uma espécie de tenda do tamanho de uma cama de casal em que os atletas são submetidos a um ambiente que simula altitudes durante várias horas por dia (oito a 12, por exemplo enquanto dorme). Quanto maior a altitude, maior o aumento do hematócrito, logo, da capacidade de transporte de oxigénio às células, logo melhor é o rendimento desportivo. Os colombianos, que domingo jogaram a 2600 metros de altitude e quarta-feira o farão a 3600, têm as suas câmaras reguladas para uma altitude de 4500 metros. "Por um lado, há o aspecto físico. Por outro, o psicológico, porque com este tipo de trabalho os atletas já sabem o que sentem quando respiram pouco oxigénio".


Câmaras hipobáricas

Outro tipo de aparelhagem que permite simular condições diferentes das reais são as cãmaras hipobáricas - estas alteram as condições da pressão atmosférica e são usadas, por exemplo, para trein de mergulho (aumento de pressão) ou aeronáutica (diminuição da pressão).


Medicina hiperbárica. Efeitos fisiológicos.

A redução do volume e do diâmetro das bolhas de gás inerte, contidas no organismo humano, proporcionada pela elevação da pressão ambiente (conforme estipulado pela lei de Boyle), a promoção da sua dissolução, pela criação de gradientes de pressão que promovem a difusão do gás inerte do interior dos êmbolos gasosos para os tecidos circundantes, e o aumento da quantidade de oxigénio (O2) molecular dissolvido no plasma (de acordo com a lei de Henry), das tensões arteriais deste gás e da sua transferência para os tecidos, proporcionado pelo aumento da pressão parcial de oxigénio ao nível dos alvéolos pulmonares, resultante sua inalação, no estado puro, em ambiente hiperbárico (em conformidade com a lei de Dalton), são os principais mecanismos fisiológicos que fundamentam o recurso à OTHB em determi­nadas situações patológicas48-57.

A inalação de oxigénio puro em ambiente hiperbárico causa o aumento das pressões parciais do O2 alveolar (lei de Dalton), responsável por uma maior difusão de moléculas deste gás para o sangue capilar pulmonar (lei de Henry), as quais saturam, em breves instantes, a hemoglobina eritrocitária, passando, a partir de então, a ser transportadas em quantidades progressivamente maiores, sob a forma dissolvida no plasma, até que se atinja o estado de saturação dos capilares pulmonares em oxigénio.

Este processo pode ser calculado, em conformidade com a lei de Henry, pela seguinte fórmula: O2 dissolvido (vol%) = 0.0031 (ml O2/100 cm3/mmHg) X PaO244.
Assim se compreende que, com inalação de oxigénio puro à pressão de três atmosferas absolutas, a quantidade de O2 molecular dissolvido no plasma aumente de 0,285% para cerca de 6% do volume plasmático total, a que correspondem tensões arteriais de O2 (que dependem exclusivamente da fracção deste gás dissolvida no plasma) de cerca de 2 000 mmHg (cerca de 20 vezes superiores às que se obtêm com inalação de ar ambiente ao nível do mar)49,51.

Para além da maior quantidade e distância de difusão peri‑capilar do O2, causada pela elevação das suas tensões arteriais58, o oxigénio livre, dissolvido em maiores quantidades no plasma sanguíneo, difunde‑se para territórios inacessíveis às moléculas deste gás que são transportadas pela hemoglobina eritrocitária, fazendo com que no decurso de uma sessão de oxigenoterapia hiperbárica, realizada a duas atmosferas absolutas, os valores das tensões tecidulares de O2 ascendam aos 400 mmHg (cerca de 10 vezes superiores aos que se obtêm com inalação de ar ambiente ao nível do mar)59,60.

Tais mecanismos fisiológicos tornam esta terapêutica útil em situações que cursam com hipóxia ao nível dos tecidos, seja ela anémica (intoxicação pelo monóxido de carbono, com formação de carboxihemoglobina, com a subsequente diminuição da capacidade de transporte sanguíneo de O2, por exemplo, com tensões arteriais de O2 normais e níveis de oxihemoglobina e tensões tecidulares de O2 diminuídos), citotóxica (intoxicação pelo monóxido de carbono e cianídrica, com inibição da “respiração” celular por bloqueio de cadeias enzimáticas mitocondriais, com tensões arteriais e tecidulares de O2 normais e níveis de oxihemoglobina inalterados), ou isquémica (por arteriopatia obstrutiva, infecção e edema, com tensões arteriais de oxigénio e níveis de oxihemoglobina normais e redução das tensões tecidulares de O2, com hipoxia)55-57.

A OTHB, não só proporciona um aumento significativo da disponibilidade do oxigénio molecular ao nível dos tecidos, como causa uma vasoconstrição hiperóxica, não hipoxemiante, selectiva, ocorrendo predominantemente, ao nível dos tecidos sãos61-63, com atenuação do edema64 e redistribuição da volémia periférica a favor dos tecidos hipóxicos (efeito “Robin Hood”), mecanismo fisiológico este, que acentua os efeitos anti‑isquémicos e anti‑hipóxicos, desta modalidade complementar de tratamento, ao nível das extremidades55,56.

O aumento da disponibilidade local de oxigénio molecular ao nível das lesões hipóxicas, promove, por sua vez, a sua cicatrização (aumento, quantitativo e qualitativo, do colagéneo fibroblástico, depositado ao nível da matriz extracelular de tecido conjuntivo65,66, estimulação da angiogénese local67,68, e da reepitelização69) e combate a infecção local (aumento da actividade fagocitária das bactérias70 e da sua lise ao nível dos granulócitos polimorfonucleares neutrófilos66,71, sinergismo em relação a certos antibióticos, efeito bacteriostático e bactericida, este último em anaeróbios estrictos72-74).

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Campanha “Pobreza Zero” mobilizou mais de 65 mil portugueses


A campanha "Pobreza Zero" mobilizou, ontem, 65.753 portugueses, em Lisboa, para dar voz à luta contra a pobreza e aos oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. O objectivo inicial era conseguir reunir 50 mil pessoas.
A finalidade da mobilização era "encorajar a sociedade civil, o Governo e a Assembleia da República a aceitar o desafio da erradicação da pobreza e o cumprimento dos oito objectivos de Desenvolvimento do milénio", segundo a organização da Campanha "Pobreza Zero". Os portugueses juntaram-se em frente à Assembleia da República, às 17h00, dando corpo à iniciativa "Requiem", que Portugal aderiu sob a organização em parceria com a Pobreza Zero e o Coro Vox Laci. "Uma oportunidade de elevar as suas vozes para fazer tanto uma declaração artística como política e assim apoiar a luta contra a pobreza global", explicou a organização. No âmbito da mesma campanha mundial contra a pobreza, que começou terça-feira à noite e se prolongou até às 21h00 de ontem, 400 estudantes juntaram-se na Alameda da Cidade Universitária para participar no "Despertar contra a pobreza". Criaram uma cama gigante na relva, para depois, ao som de um sinal, se levantarem contra a pobreza. Uma em cada seis pessoas no mundo vive em condições de extrema pobreza, não tem acesso a medicamentos, nem à educação básica. Em Portugal, uma em cada cinco pessoas vive em situação de pobreza.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Pobreza ameaça a classe média


As famílias atingidas pelo desemprego e endividamento são os novos rostos dos dois milhões de pobres que existem em Portugal. A chamada classe média, esganada pelos créditos ou apanhada nas malhas do desemprego crescente, constitui uma nova forma de pobreza, que desafio os estereótipos associados a esse fenómeno. Hoje, Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, milhares de pessoas levantam-se para lembrarAs estatísticas do Eurostat revelam que 20% da população portuguesa vive na pobreza. Dois milhões de pessoas, portanto. Na União Europeia, a taxa de pobreza situa-se nos 16%, o que coloca Portugal no top 10 dos estados-membros mais pobres.Os números não são novos. O padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, diz mesmo que há décadas anos que se fala nessa percentagem. "Com tantos milhões de euros em programas contra a pobreza, porque é que o número de pobres não diminuiu?", questiona.Para perceber, comecemos pela definição técnica de pobre. É considerado pobre quem ganha menos de 60% da mediana dos salários do seu país. Isto é, quem tem rendimentos inferiores a 60% do vencimento auferido por metade da população. No caso de Portugal, corresponde a 360 euros por mês, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística referentes a 2004. O conceito de pobre varia, portanto, de país para país. O que significa que os 68 milhões de pobres que existem na União Europeia têm níveis de vida muito diversos. Um pobre na Suécia viveria confortavelmente em Portugal ou na Lituânia.Ter emprego não significa estar acima do limiar de pobreza. O mito de que só quem não trabalha cai nas malhas da miséria é desmentido pelos números 14% dos portugueses que trabalham estão em risco de pobreza, de acordo com dados da Rede Europeia.Novos pobresO problema é que não ganham o suficiente para pagar as contas. Isabel Jonet, directora do Banco Alimentar (BA), diz mesmo que os novos pobres são aqueles que contraíram créditos ou assumiram responsabilidades financeiras que já não conseguem honrar, seja porque perderam o emprego ou porque o custo de vida está cada vez mais elevado. O BA recebe um número crescente de solicitações , que encaminha para instituições com quem tem protocolos, de pessoas que, vencendo o pudor, pedem ajuda.Estes novos fenómenos desafiam também as classificações tradicionais de classe média. "Se 20% dos portugueses concentram 80% da riqueza, já não há a chamada classe média", explica o padre Jardim Moreira. As desigualdades sociais, em Portugal, são ainda mais chocantes do que no resto da Europa. Segundo dados da Eurostat, referentes a 2004, o grupo com mais rendimentos ganha sete vezes mais do que a franja mais desfavorecida."O que tem sido feito é gerir a pobreza, não resolvê-la", critica o padre Jardim Moreira. Uma das formas de camuflar a real dimensão do problema é aumentar as transferências sociais (subsídios e outras prestações). Se fossem cancelados todos esses apoios, a taxa de pobreza, em Portugal, aumentaria para 38% e na Europa 40%, o que é revelador da "subsidiodependência".Os idosos que vivem sós e as famílias com dois ou mais dependentes apresentam um risco de pobreza substancialmente mais elevado (42%) do que a restante população, de acordo com dados do INE.Para quebrar o ciclo da pobreza, os especialistas são unânimes na necessidade de investir na educação. Neste parâmetro, o nosso país apresenta também indicadores desoladores a taxa de abandono escolar é de 39% (quando na Europa não ultrapassa os 15%).

Quarenta e cinco mil portugueses aderem à iniciativa mundial "Levanta-te" contra a pobreza


Cerca de 45 mil portugueses deverão aderir hoje à iniciativa mundial "Levanta-te" contra a pobreza para assinalar o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, uma das metas traçadas pela ONU nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
A iniciativa, desenvolvida em Portugal pela “Campanha Pobreza Zero”, deverá registar-se um pouco por todo o país em escolas, empresas e associações até às 21h00 de hoje. Portugal está próximo de atingir o objectivo proposto de conseguir este ano que 50 mil portugueses se levantem contra a pobreza.Uma em cada seis pessoas no mundo vive em condições de pobreza extrema, não tem acesso a medicamentos nem à educação básica, indicam dados internacionais. Em Portugal, um em cada cinco vive em situação de pobreza.Por outro lado, 12 por cento da população global - ou seja, o grupo dos 22 países mais ricos do mundo, em que se inclui Portugal - consome 80 por cento dos recursos naturais disponíveis.As inscrições para esta iniciativa começaram há cerca de três semanas e, segundo a organização, a perspectiva de adesão já ultrapassa os valores atingidos em 2006.Em 2006, 20 mil portugueses inscreveram-se na acção "Levanta-te contra a pobreza", contribuindo assim para o número mundial de 23,5 milhões de pessoas que aderiram a iniciativa.Estes milhões de vozes recordaram aos líderes mundiais que a cada dia que passa 50 mil pessoas morrem de pobreza extrema, que o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior e que os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, assumidos pelos governos nas Nações Unidas de reduzir para metade a pobreza extrema até 2015, estão em risco. Este ano 45 mil portugueses já anunciaram a sua participação realizando mais de 2000 acções que em vários pontos do país.Mais de 60 escolas, desde o pré-escolar até ao ensino universitário, aderiram ao "Levanta-te contra a Pobreza", sendo as crianças e jovens convidados a vestir de branco.Na Alameda da Cidade Universitária os estudantes do ensino superior decidiram aderir à iniciativa mundial criando a acção "Desperta contra a Pobreza". O objectivo é reunir centenas de estudantes universitários numa cama gigante para que os participantes se "deitem juntos" e "despertem juntos contra a pobreza". Para participar nesta curta sesta, explicam os organizadores, os estudantes terão apenas de se dirigir à tenda da Associação PAR, situada ao cima da Alameda, para levantar o número de participante e uma almofada insuflável.Ainda na zona de Lisboa, está prevista a realização às 17h30, em Telheiras, de uma "assobiadela contra a pobreza" assim como de um desfile com cordão humano desde a estação do metro até à esquadra da PSP onde será entregue um manifesto dirigido ao Governador Civil de Lisboa.A Delta cafés é uma das empresas que decidiu aderir à campanha, contribuindo com a divulgação dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio nas suas saquetas de açúcar. No total são 20 saquetas para coleccionar e que ajudam a despertar a sociedade para o problema.Também a TMN se propôs a enviar a todos os seus clientes SMS de alerta para que participem na iniciativa.A campanha Pobreza Zero foi lançada pela OIKOS em 2005, ano de importantes acontecimentos, tais como a Cimeira da ONU do Milénio + 5, a reunião do G8 na Escócia, onde foram perdoadas dívidas de vários países pobres e a Cimeira da OMC, onde se discutiram também importantes questões do comércio internacional. Actualmente a campanha é desenvolvida com mais organizações: a Amnistia Internacional, os Médicos do Mundo e a Quercus.


Dia Internacional da Erradicação da Pobreza

ONU: fome é "inaceitável" num "mundo de abundância"


No Dia Mundial da Alimentação, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou ser "inaceitável" que hoje 854 milhões de pessoas sofram de fome crónica, num "mundo de abundância".
"O mundo possui os recursos, os conhecimentos e os instrumentos necessários para fazer do direito à alimentação uma realidade para todos", afirmou o alto responsável, em comunicado.Ban Ki-moon diz ser obrigatório "reconhecer o papel dos direitos humanos na erradicação da fome e da pobreza e a relação entre desenvolvimento, direitos humanos e segurança".Reconhecendo que "a erradicação da fome avança lentamente", o secretário-geral da ONU considera ser necessário "fazer muito mais para que a integridade e os direitos de cada ser humano estejam no centro dos esforços" de todos.A solução apontada por Ban Ki-moon passa por complementar as acções em curso com uma "intensificação das medidas que visam garantir a participação e o empoderamento, a responsabilização e a transparência, a dignidade humana e o primado do direito".Num apelo à união de forças, o secretário-geral lembrou ainda os esforços desenvolvidos na Cimeira Mundial da Alimentação, na Declaração do Milénio e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).



Dia Mundial da Alimentação 16/10

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Uma guerra de milhões



As escolas afixam a lista de títulos e as famílias compra-os, geralmente ignorando o que está por detrás da escolha de um manual escolar. A saber: uma sofisticada máquina de fazer livros capaz de motivar os professores a adoptá-los e um Ministério da Educação ausente da avaliação. Finalmente o governo aprova a lei de certificação dos manuais e cria "comissões de peritos" para os aprovar. De "aplaudir", dizem uns, "um processo rígido e centralista", acusam outros. Benefícios para os alunos? Só a prática o confirmará.



Pense em 1,6 milhões de alunos, multiplique-os pelo número de disciplinas correspondente a cada nível de ensino e o resultado dá dez milhões de manuais escolares postos à venda este ano. Dez milhões. Ainda que esteja por fora das dificuldades do negócio livreiro em Portugal, não é difícil perceber que não há livro (ou leitores) que chegue aos calcanhares do consumidor escolar. Avaliado em oitenta milhões de euros, o mercado do livro escolar é o maior do sector livreiro, estando agora concentrado em dois grandes grupos. A liderar, a Porto Editora com quase sessenta por cento da quota do mercado e que detém ainda a Areal Editores, a Lisboa Editora e outras chancelas de menor expressão. É a maior editora escolar portuguesa, o que, como já se viu, significa também que é a maior editora de Portugal. Ainda que no último ano tenhamos assistido a uma reconversão do sector com a recém-chegada ao mercado escolar de Pais de Amaral, antigo patrão da TVI que comprou a Texto Editora (a segunda maior do ramo), a Plátano/Didáctica e estejam ainda a decorrer negociações para lhes somar a parte escolar da Asa (era a terceira maior) e ainda a Gailivro, também esta muito bem implantada junto do primeiro ciclo, somará o novo grupo cerca trinta por cento da quota, ainda longe do volume da facturação da Porto Editora. Com crescente expressão no mercado nacional aparece ainda a espanhola Santilla (do grupo Prisa) com seis por cento da quota, segundo os números estimativos, já que o sector editorial há muito que padece da doença de falta de estatísticas oficiais, por antigas desavenças internas.
Se para quem negoceia com livros este é o sector onde é maior a expectativa de chegar a um realmente grande número de compradores, de acordo com os seus promotores é também aquele que implica maiores custos de produção, obrigando a constantes investimentos na formação dos autores e demorando cerca de um ano e meio na produção. Sui generis igualmente é a forma como estes livros podem chegar aos seus clientes. Ao contrário dos outros que ficarão disponíveis em livraria, aqui o teste faz-se de uma só vez, numa única época do ano e em cima da mesa do professor.
As editoras enviam as suas "amostras" para milhares de professores de cada disciplina e esperam para saber quantas escolas os adoptaram. Evidentemente que o know how lhes permite apresentar manuais à partida vencedores e adaptados às variações das diferentes comunidades e projectos escolares. Mesmo assim, é um processo de produção moroso e de promoção elaborada e dispendiosa para o qual só grandes estruturas editoriais estão habilitados, deixando cada vez mais as editoras menores longe da capacidade de concorrência.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Cinco medidas de apoio no Combate ao Desemprego

Para já, a candidatura de Lisboa/Alentejo envolverá a Opel, da Azambuja, cujo fecho deixou 929 desempregados, dos quais 658 ainda estão inscritos no IEFP; da Alcoa Fujikura (Seixal) , estão inscritas 360 pessoas, das 440 despedidas; da Johnson Controls (Portalegre)104 dos originais 180 trabalhadores também estão à procura de emprego.
Todos terão orientação profissional e o IEFP estima que meio milhar passe por centros de reconhecimento e validação de competências. Além disso, cerca de 800 terão formação profissional em novas tecnologias da informação e comunicação e cursos específicos para empreendedores, para quem quiser criar uma empresa. Além disso, serão pagas bolsas de formação a uma centena de pessoas para que escolham o cursoo profissional e a instituição que mais lhes convier.
Uma outra medida, para incentivar as pessoas a procurar emprego, é o pagamento de uma quantia equivalente a três salários mínimos (perto de 1200 euros) assim que apresentarem um contrato de trabalho sem termo ou a prazo, desde por um mínimo de três anos. Ainda, será dada uma compensação salarial a 500 pessoas que, antes do desemprego, ganhavam acima da média do sector ou da região. Esta verba destina-se a convencâ-les a trocar o subsídio actual por um trabalho com salário mais baixo. Por último, o IEFP propõe duas ajudas para quem cria empresas: por cada novo emprego (incluindo o próprio), um subsídio não reembolsável de 7254 euros (18 salários mínimos). E até 40% das despesas elegíveis tidas coma criação de empresas, até ao máximo de 12500 euros.

Fundo da globalização

Mais de duas mil pessoas perderam o emprego no sector automóvel, nos últimos meses, e por isso Portugal vai candidatar-se, pela primeira vez, ao novo Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização, criado pela União Europeia para apoioar trabalhadores desempregados (e não as empresas) por causa da concorrência feita pelos países emergentes, como a China ou a Índia. Hoje, será apresentada, em Bruxelas, a primeira candidatura, relativa a Lisboa e Alentejo. Dentro de um mês será entregue uma segunda candidatura, também no ramo automóvel, mas para o Norte e Centro.
Se for aprovada, a primeira candidatura apoiará 1122 pessoas, que perderam o emprego entre Dezembro de 2006 e Setembro último, disse Francisco Madelino, presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a entidade responsável. Em causa poderá estar uma despesa de cinco milhões de euros, metade dos quais a suportar pela União e a outra metade pelo Orçamento de Estado.
Será um "tubo de ensaio" para o segundo projecto, que envolverá também trabalhadores do sector automóvel, mas do Norte e Centro, adiantou Madelino. Aqui, estão em causa mais de mil trabalhadores despedidos da Yasaki (Ovar) e Johnson Controls (Nelas).

Desemprego desafio Europeu


Dezasseis milhões de desempregados na Europa dos 27. Meio milhão em Portugal. Este é o problema e o desafio a discutir amanhã e depois, em Lisboa, na conferência "Emprego na Europa", realizada no âmbito da Presidência Portuguesa na União Europeia. O evento chega uma semana depois dos dados mais recentes da Eurocast darem conta de que Portugal é um dos países da Europa com mais desemprego, com uma taxa de 8,3%, sendo o cancro o desemprego de longa duração, que atinge já 52,1% do total de desempregados.

Segundo a Eurostat, não apenas ocupamos um lugar cimeiro no ranking do desemprego, como este continua a crescer, ao contrário de países como a França (8,6%) ou a Grécia (8,4%) onde o problema começa a diminuir. Por outro lado, pela primeira vez em muitos anos , Portugal ultrapassou a vizinha Espanha (8%) nesta matéria.

O problema é agravado pelo facto de metade dos desempregados o ser há mais de um ano. Para o contornar , o Governo propôs algumas medidas, sendo uma delas isentar da taxa social única as empresas que contratarem pessoas nesta situação ou com mais de 55 anos.

Um pacote de medidas urgente, se se tiver em conta que o desemprego delonga duração tem vindo a aumentar. Em 2002 tinha um peso de 37,3% do universo de desempregados, em 2006 ultrapassava os 50%. Para o economista e professor universitário João Loureiro, a situação dramática terá na origem uma alteração da nossa estrutura económica. "Se antes a nossa economia assentava em indústrias de mão-de-obra intensiva, hoje tende a convergir para actividades tecnologicamente mais avançadas", diz , acrescentando que "nesta fase de transição há uma geração que é apanhada desprevenida - a das pessoas com mais de 50 anos [que ocupam uma larga percentagem das que se encontram no desemprego de longa duração]".

Na base desta situação poderá estar, portanto, "a falta de qualificações e habilitações literárias para este novo contexto", que não será apenas uma questão relativa às pessoas mais velhas. "Há sempre mão-de-obra mais barata nalguma parte do Mundo. Se formos comprar roupa, verificamos que esta é mais barata agora do que há uns anos, porque é quase toda confeccionada na Ásia, onda a mão-de-obra é muito mais barata", exemplifica.

É neste contexto que muitas das empresas fecharam as suas portas em Portugal, deixando milhares de trabalhadores sem emprego.


terça-feira, 2 de outubro de 2007

Darfur


O Sudão é o maior país de África e uma antiga colónia britânica que sofreu, desde praticamente a independência, uma guerra entre o norte (maioritariamente árabe e que tem vindo a ser governado por partidos que assentam a sua autoridade no crescente fundamentalismo religioso) e o sul (de população maioritariamente africana e um longo passado de exploração pelo norte relacionada com o comércio de escravos). Os acordos de paz assinados a 9 de Janeiro de 2005, em Naivasha - Quénia, deixaram em aberto a independência do sul, a decidir por referendo em 2011.




Darfur é uma região do tamanho da França, situada no oeste do Sudão, que antes da colonização inglesa era independente de Cartum.
Durante a guerra entre o norte e o sul, o exército de Cartum (norte) utilizou os jovens do Darfur como manancial de soldados africanos utilizados para combater os grupos armados do sul (muitas vezes através do rapto de crianças e jovens nas aldeias), mas a região foi relativamente poupada pela guerra e assistia até há pouco tempo a uma coexistência pacífica entre os pastores nómadas árabes e a população de etnia africana
O genocídio

Em 2003 os ímpetos independentistas motivados pelos progressos no caminho de independência do sul ganharam expressão no Darfur, com algumas acções esporádicas de grupos militares rebeldes. Em resposta, o governo de Cartum iniciou uma intervenção utilizando o aparelho de guerra entretanto desocupado com a paragem das hostilidades no sul e contando com o apoio de militares de países como a Arábia Saudita e a Líbia, apostados em impor a Charia e o fundamentalismo islâmico no Sudão. Paralelamente iniciou uma campanha fomento do ódio étnico e racial, armando as populações de pastores árabes (politicamente mais fáceis de controlar e manipular por Cartum) e financiando as razias às populações africanas.
Ante os olhos passivos da comunidade internacional, o Governo de Cartum deu inicio a uma radical operação de limpeza étnica. Estima-se em mais de 3.000 o número de ataques a comunidades e aldeias destas milícias armadas e mantidas pelo governo (a uma média de cerca de 60 ataques por mês!) e entre 200.000 e meio milhão de vítimas mortais(!!).
Obs.: Quer a população árabe, quer a africana falam o árabe e professam maioritariamente o islamismo.

Mais informações:

- "O milagre da Paz", José Vieira, jornalista no Sudão
- "Basta de preocupação", International Crisis Group, Público
- Documentários
- Ultimas notícias porDarfur


Orientação Profissional

Escolher uma profissão não é uma tarefa fácil. A tomada de decisão é sempre cercada de dúvidas, emoções e influências. Nessa hora, você precisa pesar cada opinião, desejo e vocação para fazer a escolha certa.
Nunca desconsidere as pressões familiares, elas são inevitáveis. Afinal, seguir a profissão do pai e manter a tradição familiar ou ser o "primeiro médico na família" é o sonho de muitos lares. Nada de errado, desde que lhe respeitem e que isto se encaixe em seus planos.
Outra base de influência são os amigos. Fazer uma faculdade para manter o grupo de colegas da escola unido ou espelhar-se no sucesso de um amigo mais velho que já está na faculdade é bem comum. Nesta hora, você precisa parar e analisar se o que é bom neste modelo é adequado para você e seus anseios profissionais. Para descobrir isso, converse muito. Fale com amigos, sua família, seus professores, profissionais da área. Com essa "bagagem", você terá condições de tomar uma decisão mais tranquila e com maiores chances de acerto.
O mercado e as perspectivas de futuro crescimento também têm que ser levadas em conta. Muitas carreiras têm grande oferta de profissionais e fraca demanda de vagas, provocando altos índices de desemprego. Além disso, a avaliação das "profissões do momento e do futuro" podem abrir seus olhos para opções até então desvalorizadas.
O factor "dinheiro" também pesa muito nesta hora. Se você tem que trabalhar e estudar ao mesmo tempo, o sonho de ser médico (ou qualquer carreira que exija curso de período integral) terá que ser descartado.
A seguir, descubra suas habilidades e interesses. Interesse é aquilo que desperta em você atracção, curiosidade e motivação. Em outras palavras, é aquilo que te dá "tesão" em fazer.
Já habilidade é a demonstração prática do interesse. A habilidade de se relacionar com pessoas, manipular dados e informações ou ter "intimidade" com máquinas de tecnologia avançada indicam um caminho que pode ser seguido.
Se a dúvida persistir depois de pesar com ponderação todas as influências, descobrir seus interesses e habilidades e conversar com os mais próximos, não hesite em procurar um psicólogo ou um orientador vocacional. Eles têm ferramentas apropriadas para identificar habilidades e interesses que estejam claramente presentes, além daqueles "adormecidos" que podem fazer você "pagar para ver".

Carreiras tradicionais versus carreiras emergentes

Seguir uma carreira tradicional ou apostar em alguma profissão que esteja despontando é outra dúvida frequente. Uma carreira tradicional tem como vantagem trilhar um caminho mais conhecido. Mas a disputa por uma vaga nas faculdades e no mercado de trabalho é bem mais acirrada. Excesso de profissionais em determinadas carreiras muitas vezes obrigam a adaptação profissional como médico trabalhando em laboratórios farmacêuticos ou engenheiros em áreas administrativas.
Já as oportunidades de trabalho nas carreiras emergentes tendem a ser maiores. A chegada da "nova economia" (cultura, lazer, entretenimento, saúde, qualidade de vida, Internet) trouxe mais glamour a cursos não tradicionais como turismo, hotelaria, fisioterapia e educação física. Desta adequação surgiram novas e rentáveis atividades como webdesign, parques temáticos, gastronomia e personal training.
A mescla de atividades tradicionais com as da nova economia também geram oportunidades de trabalho. Jornalistas atuam como gestores de conteúdo nas empresas de Internet e biologistas passam a ser biotecnólogos desenvolvendo produtos e tecnologia que vão desde a clonagem de animais à sementes modificadas geneticamente.
Carreira escolhida e vestibular feito, as aulas começam e você descobre que o curso não tem nada a ver com você. Aí vem o dilema: acabar o curso que já começou, só para tentar aproveitar o tempo ou dinheiro já investidos? Pode ser, desde que você não se violente com isso. Caso contrário, pare e refaça o caminho. Mesmo que seja para mudar de Medicina para Letras ou de Engenharia para Turismo. Não faz sentido ir em frente para ser infeliz. E se não acertar desta segunda vez, tente a terceira.
Também não se esqueça de desenvolver e aprimorar suas habilidades realizando cursos e treinamentos. Esta ação pode melhorar as suas chances na hora de ingressar no competitivo mercado de trabalho.
Correndo sempre o risco de generalizar, tudo isso diz respeito a você.
Faça o balanço do que leu até agora e tome sua decisão com um grande objetivo: SER FELIZ, pessoal, profissional e financeiramente, se possível os três.


Luiz C. de Q. Cabrera Luiz A. F. Bueno PMC AMROP International

Vestibulando

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Aprender a Pensar

Ao trabalhar no Núcleo de Aconselhamento Psicológico, muitas vezes somos confrontados com pessoas
que apresentam dificuldades em estudar. Esta comunicação é fruto de algumas reflexões que fizemos
para ajudar estes alunos.
No ensino secundário, os alunos aprendem de pensar de uma certa forma. Ouve-se contar o que outras
grandes mentes da ciência descobrem e aprende-se a aplicar os métodos que eles inventaram.
Ás vezes percebem mesmo a matéria, noutras alturas simplesmente aprendem uma série de truques a
aplicar em certas situaçãos. Os truques dão perfeitamente para resolver as perguntas dos exames sem
que os alunos percebam muito bem do que é que se trata. Esta é uma estratégia válida. Trata-se de
optarmos pelo mínimo esforço para obter um efeito. Até diria que isto é um sinal de inteligênica. Nós
distinguimos aquilo que é verdadeiramente importante do que não é.
Obviamente tem que se ter cuidado com isso. Os truques têm as suas limitações. Na Universidade
existem cada vez mais cadeiras em que a estratégia de aprender truques ou memorizar não chega para
passar o exame. Já ouvi alunos dizer que em certas cadeiras os exames não têm nada a ver com a
matéria. Eu acho o que no fundo estão a dizer é que mecanizar as resoluções dos exercícios não chega
para resolver os exames. É preciso mais algo.
O objectivo desta curta comunicação é tentar definir o que é este algo e como promovê-lo.
O que verificamos é que é preciso começar a aprender de outra forma e que os alunos têm que começar
a pensar.
Para poder passar exames de algumas cadeiras os alunos têm que começar a perceber a matéria
verdadeiramente.
Mas há mais razões, além desta muito pragmática, pelas quais pode ser importante começar a pensar.
Por exemplo quando a matéria nos interessa verdadeiramente, ou quando se trata duma área em que nos
queremos especializar no futuro. Uma 3ª razão é que no mundo do trabalho, seja numa carreira
comercial ou científica, necessariamente tem de se lidar com situações novas e, portanto, saber pensar
é fundamental. Aqui vão aparecer problemas para os quais não existe nenhuma literatura ou solução
feita e em que temos que ser criativos.
Mas como é que se faz isto? Pensar? Onde é que começamos? O que é que fazemos?
O que é que podemos fazer para, por exemplo, perceber verdadeiramente uma matéria de uma cadeira?
O que é que se pode fazer além de ouvir o professor, seguir o seu raciocínio, tomar as notas, fazer os
exercícios?
O que é que se pode fazer mais? Como é que posso perceber melhor, leio mais sobre o assunto?, faço
todos os exercícios 3 vezes?
Eu dira que não. É preciso uma abordagem qualitativamente diferente. Algo profundamente diferente
de memorizar conhecimentos ou copiar métodos de outras pessoas. Vamos que ter que pensar por nós
próprios.
Queria dar-vos um pequeno exemplo do que pode ser isto de pensar por nós próprios de forma criativa.
Quantas maneiras há de entrar numa casa?
A resposta pode ser convencional- Pela porta, pela janela, etc., ou mais criativa- fazer um túnel, entrar
de helicoptero, grua, carro, estragar a parede, escada, paraquedas pela chaminé, canal de barco,
bomba,etc.
Ser criativo é pensar em coisas novas, coisas que não estam nos livros.
Curiosamente quando um problema é matemático ou físico não somos tão criativos e todos tendemos a
resolvê-lo da mesma maneira, de forma automática sem pensar.
Quantas vezes é que pensam em coisas novas?
Já pensaram como é que se podia melhorar o sistema de metropolitano de Lisboa, como é que se podia
contrariar a tendência de acumular de riqueza em cada vez menos pessoas, se há um fim na física, como
seria pensar como um membro de sexo oposto. Vocês já pensaram ?
Quando descobrimos que realmente podemos pensar sobre tudo e sermos criativos, pensar coisas novas,
coisas valiosas em que outras pessoas ainda não pensaram e que podem ser importantes, pensar pode
tornar-se muito motivador.
Retomando a questão do estudo: como é podemos aprender, pensando sobre a matéria?
Este foi um problema sobre o qual nós próprios também tivemos que pensar, porque as soluções não
estavam nos livros. Um dos métodos que seguimos foi ler umas biografias de fisicos e matemáticos
como Feinman, Einstein e Hadamard para ver o que eles tinham para dizer, como trabalhavam, como
abordavam os seus problemas. Junto com outra literatura encontrámos uma série de características nos
métodos de trabalho deles que nos foram úteis para peceber melhor o problema.
Vamos propôr 7 actividades, ou exercícios que no nosso ver promovem este tipo de pensamento.
Certamente ainda há mais, e têm que escolher qual é que funciona melhor para vocês. Mas a ideia é que
estas actividades quase inevitavelmente implicam ter que pensar. São tarefas em que não há um
caminho já feito, em que têm que ser criativos e inventar coisas. Noutras palavras é quase impossível
executar estas tarefas sem ter que pensar de forma original. Vou tentar dar um exemplo de cada
actividade que proponho.

1º Tentar inventar as coisas de novo
Sermos nós o inventor, o Einstein, o Newton etc
Dito forma mais simples, esta tarefa consiste em tentar resolver um problema sózinho primeiro, antes
de ser dada a solução.
Geralmente implica uma forma de preparação, por ex: tentar pensar em casa antes de ouvir o que o
professor tem para dizer, ou antes de ler nos livros.
Ex:
(supondo que ainda não se sabe nada sobre o assunto) Que caminhos pode o electrão percorrer à volta
do núcleo e porquê?

2º .Interrogarmo-nos
“o que é que aprendi nesta aula, o que é que foi verdadeiramente novo e não variações de coisas que já
sabia”. Isto obriga a explicitar e pôr por palavras nossas o que foi exposto. O que é que foi mesmo
novo? Isto obriga a reprocessar a informação.
ex: que é que aprendi nesta aula que ainda não sabia?

3º Experimentar variações do que foi proposto
Mudar varáveis ou condições iniciais e ver se o método funciona. Procurar alternativas
ex:
Aplicar as teorias a situações extremas ( 0, infinito, integrar, derivar, o que é que acontece quando
apago um termo numa equação ou função?)

4º Sermos críticos e encontrar os “espaços brancos”
Perguntar depois de ter visto uma solução “percebi a razão de cada passo, a razão de cada opção
tomada? Percebi mesmo tudo? Quais são aqui os pormenores que me incomodam?” Levar as dúvidas a
sério.
ex:.
-Feinman descreve como o pai (que tinha poucos estudos) lhe ensinou a diferença entre nomear,
descrever e explicar.
-Existe uma “teoria” que a água quente congela mais depressa do que a água que está inicialmente fria.
Um recente artigo no Scientific American só apresenta observações e nenhuma explicação pelo
fenómeno.

5º Explicar aquilo que se aprendeu a outras pessoas.
Isto obriga a utilizar novos termos, a criar de novo. Alguém disse que só se aprende quando se ensina.
O estudo em grupo fornece uma oportunidade para uma discussão com colegas e professores e também
nos obriga a reflectir. Se, no entanto, se está primeiro à espera da solução dos colegas, não resulta.
Ex:
Tentar explicar a um amigo que estuda outra coisa, à tua mãe ou irmão mais novo o que disse Einstein
ou o que estiveram a dar na última aula.

6ª Ser irreverente ou arrogante
Não acreditar só porque um Laplace ou Newton disse que uma teoria é verdade. Não acreditar que uma
teoria está necessariamente correcta, ou que um método não pode ser melhorado Tentar melhorar,
tentar outros caminhos. Perguntar “Isto não pode ser feito de forma mais simples ou melhor?”.
Não é relevante se se encontra de facto um método melhor ou não. O que conta é que se ganha um
entendimento mais profundo do problema ao tentar outros caminhos, ao brincar com as peças do
puzzle.
Ex:
Tentar resolver aquilo que ainda não foi resolvido por ninguém.
O Pi é impossível de definir? Já experimentaste provar o teorema de Fermat, encontrar números
primos?

7º Pôr novos problemas, experimentar o absurdo
O Einstein pensou durante anos sobre o que se via quando se viaja à velocidade de luz. Feinman
tentava perceber porque um espargete se partia sempre em dois sítios. Há sempre coisas à nossa volta
que podemos utilizar como puzzle: como é que posso descrever ou explicar como o público da
audiência está distribuido nesta sala.
É importante ser despreocupado com a utilidade, seguir a tendência natural de curiosidade.
Habitualmente somos muito preocupados com os resultados. Convém libertar-se de vez em quando dos
estudos, encontrar tempo para também ficar fascinado, encontrar o prazer de procurar, investigar e
pensar.
Ex:
Já pensaram sobre o que é calor, energia, velocidade de forma mais profunda? Já pensaram sobre a
diferença entre amizade e amor, os tipos de amor que há? Os gregos distinguiam mais que 10. Já
pensaram sobre se a universidade é o melhor sistema de ensino? Já pensaram sobre se ficamos mais ou
menos molhados se corremos quando está a chover? Já pensaram como é possivel que se pode ligar e
apagar uma lâmpada com 2 interruptores diferentes?
Para podermos ser criativos temos que aprender as técnicas primeiro. Como um pintor ou um fotógrafo,
só se pode ser criativo depois de dominar a técnica, o engenheiro tem que aprender racíocinar, e
aprender os instrumentos matemáticos. Nós precisamos de conhecimentos. Mas algures no curso vocês
vão ter que começar a ser criativos, vão ter que dar um passo para a frente e não apenas copiar o que
sabem. Vão ter que aprender a pensar vocês próprios.
Infelizmente, muitas pessoas não sabem como pensar, como iniciar este processo.
“O que é que faço para pensar sobre um problema novo, não chego ao lado nehum”
Isto é uma pergunta difícil cuja resposta também não encontrámos nos livros. Ainda não temos a
certeza mas parece-nos que o processo de pensamento necessita de um modo de atenção diferente.
Enquanto o despejar da memória e reproduzir um método mecanizado, requer uma intensa
concentração, a solução de algo novo requer uma atenção leve. Fazemos a pergunta, esquecemos a
pergunta, voltamos a considera-la, etc. Deixamos amadurecer, temos uma ideia que parece interessante,
mas afinal não serve.
Hadamard fala de um matemático que de repente viu uma solução de um problema sobre o qual já
estava a pensar durante meses, quando pisou o primeiro degrau entrando num autocarro. Outras pessoas
também descrevem que conseguem pensar bem quando estão a passear a pé ou viajar de comboio. O
kekule lembrou se da solução do benzeno supostamente num sonho, mas isto não sem ter pensado
muito sobre o problema.
Cada um vai ter que descobrir como funciona melhor neste aspecto.
Outra característica deste tipo de pensamento é que, ao contrário do despejar da memória, que é algo
que se faz com uma lógica, passo por passo, o inventar é por ideias e saltos de pensamento que temos.
É como se tivessemos que nos colocar a pergunta e depois ficar a observar a nossas ideias. Então, para
estudarmos activamente, paradoxalmente, necessitamos de uma atitude algo passivo
Temos que aprender a ouvir o algo, as ideias que podem formar-se por imagens, as pessoas ou situações
de que nos lembramos, as palavras ou outras metáforas.
As ideias podem ser vagas e sem conexão aparente ao problema que estamos a estudar. Às vezes temos
que descodificar estas intuições ou imagens. As vezes sentimos que estamos no caminho certo, outras
que algo não bate certo, sem poder explicar.
Temos de alguma forma treinar este tipo de atenção lateral, esta escuta interna, para ganhar confiança
que este método de facto funciona.
Muitas vezes as vossas interrogações aparentemente não têm nehuma utilidade e parecem estar a perder
tempo, mas isso não é verdade. Em primeiro lugar nós estamos a aprender a pensar, ou seja estamos a
aprender uma aptidão. Não é o conteúdo do que nós pensamos que é o iportante, mas o processo.
Obviamente, uma ideia maluca até pode afinal ter uma aplicação. Muito mais provavel é que a estrutura
da nossa solução maluca tenha aplicação noutro campo. O Feinman ficou fascinado pelo movimento de
abano de um prato de sopa no ar e só depois percebeu que tinha alguma coisa a ver com o problema em
que ele estava a trabalhar.
Mas ainda o mais importante é aprendermos pensar e que isto se torne um hábito, uma aptidão que
serve agora com os exames, para a nossa carreira e para resolver problemas na nossa vida em geral. O
meu conselho é: não percam esta oportunidade de descobrir e aprender a pensar.

Texto Elaborado por Hans Welling
(Psicólogo no Núcleo Aconselhamento Psicológico do IST)