terça-feira, 20 de novembro de 2007

Estimulação precoce dos pais determina sucesso na escola

Quanto mais cedo a criança for estimulada pelos pais e pela escola a aprender, mais fácil será garantir, nos anos seguintes, a sua formação plena com sucesso. Foi esta uma das principais teses, avançada ontem na conferência internacional "Sucesso e Insucesso", a decorrer, até ao final da tarde de hoje, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.

Abordando a contribuição das neurociências para a compreensão da natureza da aprendizagem, o director do Instituto de Ciências da Saúde, Alexandre Castro Caldas, demonstrou como as potencialidades cerebrais de cada pessoa devem ser desenvolvidas logo na primeira fase da vida, se possível, nos primeiros três anos de existência.

A importância do desenvolvimento educativo precoce e da frequência do pré-escolar foi igualmente destacada pelo presidente da Gulbenkian, Emílio Rui Vilar, que anunciou o lançamento, no próximo ano, de um programa de combate ao insucesso e ao abandono escolares. "Este programa, que tem a duração prevista de seis anos de execução e que deverá integrar avaliação externa, será dedicado aos níveis de escolaridade não superior e desenvolver-se-á através do apoio à execução de projectos educativos replicáveis, à realização de estudos e à organização de seminários, workshops e outras reuniões nacionais e internacionais", disse Rui Vilar na abertura da conferência.

Já a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, destacou a necessidade de "uma crescente articulação entre políticas de educação e políticas sociais de apoio às famílias" no combate ao insucesso e abandono. Baseando-se nos modelos de análise de sociólogos, a governante destacou o facto de as desigualdades escolares serem espelho de desigualdades sociais e económicas, em que o estatuto social, económico cultural dos pais pesa decisivamente nos resultados escolares.

"São países, como é o caso de Portugal, em que a origem social e os recursos económicos e familiares condicionam mais fortemente os resultados e o sucesso escolares, com as consequentes maiores dificuldades dos sistemas de ensino no cumprimento da sua missão", sustentou.

No estudo que apresentou, Madalena Mendes de Matos abordou os novos modelos de insucesso associados às novas condições da vida nas áreas metropolitanas, aos bairros dormitório, à degradação da qualidade de vida nos subúrbios e às novas culturas juvenis. Os exemplos que referiu serviram para relacionar os contextos territoriais de inserção da escola e a sua capacidade de organização para responder às necessidades educativas. O que se verifica é que estes factores variam consideravelmente no território nacional.

Em Portugal, o insucesso permanece elevado. Rui Vilar apresentou números 64,7% da população entre os 25 e os 34 anos não concluiu o Secundário (na União Europeia, o valor médio é de 25,1%), a taxa de retenção no Básico, em 2004/05, foi de 11,8% e , no terceiro ciclo do mesmo nível, foi de 19,7%.

Do cérebro ao sucesso

No século XXI parece inevitável a construção de uma ponte entre a educação e a neurociência cognitiva. Quem o diz é Isabel Hub Faria especialista em psicolinguística, professora catedrática de linguística na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. No entanto, considera que essa relação não pode nem deve ter aplicação directa no ensino, mas permite encontrar novos mecanismos que promovam o sucesso e a produtividade. Desde a perspectiva da linguagem, sustenta Isabel Hub Faria, é possível perceber que cada pessoa em exposição às práticas comunitárias em que vive, é capaz de extrair das suas experiências parâmetros reguladores para o desenvolvimento da sua produção e compreensão. A relação entre neurociências e educação é também a área de investigação de Sarah Blakemore. O desenvolvimento cerebral na adolescência, com as alterações neurológicas provocadas pelo crescimento da criança, traz ao ser humano um aperfeiçoamento de uma certa quantidade de habilidades cognitivas fundamentais. Planear, tomar decisões, compreender as outras pessoas são algumas delas. Sarah Blakemore é investigadora na Royal Society University, no Reino Unido.

Anacom aplica coimas à TMN e à Colt Telecom

A Anacom anunciou hoje ter aplicado recentemente coimas à TMN e à Colt Telecom. Seis mil euros à primeira, por atraso em pedidos de portabilidade de números, e 12,5 mil euros à Colt Telecom por lapsos de informação.O regulador do sector das comunicações adianta, em comunicado, que foi dado como provado que a Colt Telecom "exercendo a actividade de prestador de serviço telefónico em local fixo, não enviou ao ICP-ANACOM os relatórios com informação sobre os níveis de qualidade de serviço registados no 1.º, 2.º e 3.º trimestres de 2006". “A falta de envio (...) da informação trimestral sobre os níveis de qualidade dos serviços prestados, constitui incumprimento do n.º 3 do artigo 40.º da Lei n.º 5/2004, de 10 de Fevereiro – Lei das Comunicações Electrónicas, nos termos da qual as empresas que oferecem serviços de comunicações electrónicas acessíveis ao público devem disponibilizar regularmente à Autoridade Reguladora Nacional informações actualizadas sobre a qualidade de serviço que praticam”, explica a Anacom.O regulador esclarece ainda que a violação da obrigação de prestação de informações constitui uma contra-ordenação punível com coima de 500 a 3,74 mil euros, e de 5 mil a 5 milhões de euros, "consoante seja praticada por pessoa singular ou colectiva". A Colt Telecom pagou a coima a 09 de Novembro.A coima de seis mil euros aplicada à operadora móvel do Grupo PT, a TMN, decorre do facto de a empresa não ter respondido em tempo útil a três pedidos de portabilidade de um mesmo número.Os pedidos electrónicos de portabilidade chegaram à TMN efectuados pela Vodafone Portugal a 19, 22 e 28 de Dezembro de 2005, não tendo a operadora de Zeinal Bava respeitado o prazo de dois dias úteis para responder ao pedido em qualquer uma destas três datas. A TMN efectuou o pagamento voluntário da coima aplicada em 16 de Novembro de 2007.

Será que é só isso??

Djambé leva jovens à Guiné-Conacri

Três jovens de Viana do Castelo, em insólita viagem com o destino à Guiné-Conacri, a bordo de carro com mais de 20 anos, com um propósito não menos singular: o de gravar, naquele país africano, um documentário sobre o djambé. Considerando ser "oportunidade única", Armando Santos, de 29 anos, professor de Educação Física e entusiasta do instrumento de percussão, diz que a aventura nasceu do convite de um dos mais conceituados músicos daquele país (Billy Konaté), que desafiou os jovens vianenses a documentarem uma herança cultural que afiança, "ameaça perder-se".
"O djambé está na origem de manifestação cultural enraizada tanto no Mali (país que também vão precorrer) como na Guiné-Conacrie e que ameaça perder-se. No entender dos especialistas, com quem temos já entrevistas agendadas, vários são os músicos que estão a adulterar, a descaracterizar o instrumento e, com ele, vários estilos musicais que dele derivaram, para conseguir a entrada num qualquer país do hemsifério norte. Segundo nos disseram, o momento para lá ir é agora", indicou.

Para tal, adquiriram uma carrinha com mais de 20 anos, um Peugeot 505 - que não foi escolhida ao acaso, mas por "continuar a haver grande mercado de peças" para o modelo nos países africanos onde vão passar -, tendo passado os últimos tempos a beneficiá-lo. Além de necessário "chek up" total as motor da viatura, dotaram-na de um segundo tanque de gasolina, para ter autonomia "para mais de um milhar quilómetros".

Ao todo, esperam pelos jovens cerca de 6000 quilómetros de estrada, com passagens pos Marrocos, Mauritânia, Mali, Guiné-Bissau e, por fim, a Guiné-Conacri. Durante o percurso, a carrinha que escolheram funcionará, também, como o "hotel" do grupo: "Acampar pode ser, por vezes, perigoso. Daí a nossa opção".

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Cada deputado gasta 78 euros por dia apenas em deslocações

Parlamento espera gastar 109,8 milhões de euros no próximo ano. Salário anual por deputado chega aos 56500 euros.

A Assembleia da República conta gastar 109,8 milhões de euros no próximo ano. O valor mencionado no Orçamento para 2008, ontem publicado em Diário da República, fica abaixo dos 127 de euros que o Parlamento deverá despender este ano.

As despesas com pessoal absorvem quase metade dos 45,6 milhões de euros de gastos correntes. Nesta rubrica, os deputados são responsáveis pela maior percentagem. Ao todo, os 230 parlamentares vão receber 13 milhões de euros, o que dá uma média de 56500 euros a cada um.

A este montante juntam-se outros, como o subsídio de alimentação ou as ajudas de custo - só estas últimas totalizam mais 3,30 milhões de euros.


Viagens saem caras

A seguir ao pessoal, as despesas com a aquisição de bens e serviços são as mais relevantes, totalizando 21,1 milhões de euros.

Nesta categoria, destaque para os 3,16 milhões de euros para transportes dos deputados. Estes vão ainda gastar 3,46 milhões de euros em deslocações e estadas. Ou seja, em viagens internas e externas, o Parlamento vai suportar gastos de 6,62 milhões de euros, uma média de 18 mil euros por dia ou de 78 euros diários por deputado.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Stress é um factor decisivo no desenvolvimento de Alzheimer

Equipa liderada por dois portugueses descobre que stress favorece a doença de Alzheimer

Componente de tratamento médico pode prejudicar mais do que ajudar os pacientes da doença de Alzheimer.

Apesar de a experiência ainda só ter sido feita em animais, uma equipa de investigadores, liderada por dois cientistas portugueses, descobriu que o stress é um factor decisivo no desenvolvimento na doença de Alzheimer.



A investigação, que começou há dois anos e meio, ainda está a dar os primeiros passos, o que leva um dos investigadores portugueses envolvido a ser muito cauteloso quando se fala de confirmação clínica destes resultados.

Nuno Sousa, investigador de Universidade do Minho, explicou à Lusa que as alterações que conduzem a esta doença se devem ao mau processamento de uma porteína chamada beta-amilóide, responsável pela formação das chamadas placas amilóides que aparecem no cerébro dos doentes que sofrem de Alzheimer.


Resposta ao stress prejudicial


"Usando animais, fomos avaliar se a exposição ao stress induzia o processamento anómalo desta proteína. Submetemos animais a protocolos de stress crónico verificámos que havia esta relação", explicou o cientista. Depois foram adicionados mais dois estímulos no cérebro dos ratos: a injecção de glucocorticóides - cuja produção é a primeira resposta fisiológica ao stress - e de proteína beta-amilóide.



Verificou-se, assim, que havia um "efeito cumulativo" e que, de facto, "estímulos distintos caminham no sentido de aumentar esta proteína", o que demonstra que os glucocorticóides têm o mesmo efeito, confirmando o importante papel desempenhado pelo stress na doença.


Tanto "o stress" como "as hormonas de stress são indutivas do aparecimento de marcadores de Alzheimer".


Tratamento pode ajudar doença


Como o glucocorticóide (resposta fisiológica ao stress) é usado para tratar doentes de Alzheimer, esta substância pode estar a contribuir para a doença em vez de ajudar a combatê-la. A partir destas conclusões, a equipa está a orientar-se em duas direcções: prosseguir o estudo dos modelos animais e verificar que mecanismos estão na base das alterações; e fazer investigação clínica e ver os processos de envelhecimento, porque esta doença se enquadra numa perturbação que tem a ver com a idade.



Herpes com ligação a doença de Alzheimer




Uma pesquisa da Universidade de Manchester, no Reino Unido, sugere que o vírus do herpes pode estar a ligado à Doença de Alzheimer. Em testes laboratoriais os cientistas infectaram uma cultura de células cerebrais com o vírus do herpes, HSV -1, e confirmaram um aumento "surpreendente" da qualidade de proteína beta-amilóide, que está presente nos cérebros de paciente com Alzheimer.




Os cientistas conduziram ainda uma experiência em paralelo, examinando as partes dos cérebros de pacientes que morreram com a doença de Alzheimer, encontrando o material genético do vírus do herpes acumulado sobre as placas da proteína beta amilóide.Pesquisas efectuadas anteriormente já haviam indicado que o vírus HSV-1 estava presente nos cérebros de 70% de pacientes com Alzheimer."A Alzheimer é causada por vários factores e a nossa pesquisa indica que uma série de mutações genéticas e o vírus do herpes podem estar contribuindo para a doença. No futuro, as pessoas poderão ser imunizadas contra o vírus HSV-1, o que poderia ajudar na prevenção da doença degenerativa", refere Ruth Itzhaki, líder da pesquisa.