quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Em que é que estás a pensar?

Tenhamos ou não a consciência disso, todos nós somos uns paranormais de trazer por casa. Sem a capacidade de adivinhar os pensamentos e sentimentos dos outros, não poderíamos resolver as mais simples situações sociais. Ou alcançar verdadeira intimidade com outra pessoa.

Organização (Ler a mente tornou-se uma ferramenta através da qual se cria e mantém a ordem social, dizem os especialistas)



Quando um bebé chora muitas horas depois de ter bebido o último biberão, a mãe sabe precisamente o que ele está a sentir: fome. Mas suponha que os olhos de uma mulher se enchem de lágrimas enquanto vê um filme na televisão. O marido afunda-se no sofá: o que a terá perturbado tanto? A mulher pode dizer-lhe directamente: "Este filme é tão trágico. É sobre um amor arruinado." E talvez seja verdade. Mas também pode estar a pensar em como a história lhe faz lembrar os seus próprios problemas conjugais. Talvez esteja a sentir-se magoada porque pensa que o seu marido devia perceber o que está a perturbá-la a reconhecer isso. Ou talvez nem tenha consciência de que são as suas preocupações reais que intensificam a sua reacção ao casal do ecrã.
Depressa e de forma quase automática, o marido percorre os seus ficheiros mentais - o historial de relacionamentos da mulher, a sua reacção à discussão que tiveram de manhã, a maneira como ela tipicamente reage a filmes parecidos. Nota o particular estremecimento da voz dela, observa a maneira como se enrola no sofá, detecta as expressões que atravessam o seu rosto. Retira informação de todos estes canais, filtra-se através dos seus próprios desejos e preconceitos... até que finalmente percebe tudo: ela sabe da sua amante!
Todos os dias, estejamos nós a lutar por um aumento de ordenado, a discutir com os filhos por causa dos trabalhos de casa ou a tentar perceber se a nossa melhor amiga gosta ou não da nova decoração da nossa casa, o que fazemos é ler os pensamentos uns dos outros. Através das nossas observações, da nossa base de dados da memória, das nossas capacidades de raciocínio e dos nossos mananciais de emoção, fazemos constantemente leituras educadas sobre o que a outra pessoa está a sentir ou a pensar. Durante as disputas mais acaloradas ou as conversas mais joviais, estamos sempre a recolher pistas sobre o que é que naquele momento se está a passar na cabeça do outro. " É uma capacidade perceptiva a que chamo visão da mente", diz Daniel Siegel, psiquiatra da UCLA e autor do livro The Mindfuk Brain: "Ela permite que o nosso cérebro crie um mapa do estado interior da outra pessoa.”
Este tipo de leitura do pensamento - que não deve ser confundido com o poder infalível da telepatia própria dos super-heróis - é uma capacidade crítica humana. É a forma através da qual damos sentido ao comportamento das outras pessoas e decidimos a nossa próxima jogada. A leitura da mente permite-nos negociar, competir, cooperar e ganhar intimidade com os outros. Permite-nos perceber quando estamos a ser manipulados ou seduzidos. É através dela que percebemos se alguém acha as nossas graças hilariantes ou ri apenas por delicadeza. A capacidade de ler o pensamento é talvez o elemento mais importante da inteligência social.
A falta de jeito para ler pensamentos pode ter consequências sérias: pode criar mal-entendidos que depois podem provocar conflitos. Pode fazer-nos sentir sozinhos num relacionamento. E pode mesmo levar à violência: os maridos violentos tipicamente - e erradamente - atribuem pensamentos críticos às suas mulheres; por isso é que agridem. A dificuldade em adivinhar os pensamentos e sentimentos dos outros caracteriza o autismo e é uma das razões para que as competências sociais dos que dele sofrem sejam disfuncionais.Décadas de pesquisa na leitura da mente (ou, como lhe chamam os psicólogos, compreensão empática) revelam agora como ela funciona, quem é mais dotado e como é que podemos melhorar a nossa aptidão para adivinhar os pensamentos dos outros - mesmo quando os nossos interlocutores não conhecem bem as suas próprias mentes. Os pensamentos e sentimentos dos outros, incluindo os mais próximos, estão longe de ser transparentes; isso faz da leitura da mente a única forma de conhecer alguém mais profundamente. A única maneira de ganhar verdadeira intimidade com alguém. E a única maneira de amar alguém pelo que realmente é.

A grande desilusão

É espantoso que possamos espreitar as mentes uns dos outros, mas a verdade é que não somos especialistas no assunto. Estranhos (que foram filmados e mais tarde relataram os seus pensamentos e sentimentos segundo a segundo, assim como as suas considerações sobre os pensamentos e sentimentos dos seus companheiros) lêem os pensamentos uns dos outros com uma taxa de precisão de vinte por cento. Amigos íntimos e casais fazem subir a percentagem para 35. E "quase ninguém fica acima dos sessenta por cento", relata o psicólogo William Ickes, da Univerdidade do Texas, o pai da "compreensão empática".A nossa (limitada) aptidão para ler os pensamentos tem raízes antigas, diz Ross Buck, professor de Ciências da Comunicação na Universidade de Connecticut. Durante milhares de anos de evolução, os sistemas humanos de comunicação tornaram-se mais sofisticados, assim como as condições de vida e de trabalho se tornaram mais complexas. Ler a mente tornou-se uma ferramenta através da qual se "cria e mantém a ordem social", postula Buck. Ajuda a saber quando assumir um compromisso com o companheiro ou quando recusar uma disputa com o vizinho.Claro que, em nome dos nossos próprios interesses, por vezes ainda precisamos de ocultar dos outros os nossos sentimentos, e até de mentir. "Nem sempre queremos mostrar exactamente aquilo que estamos a pensar porque outros podem usá-lo a seu favor e contra nós", diz Buck. Então, a nossa relativa visão da mente pode ser encarada como um produto do "esforço de guerra" entre a necessidade de mostrar e a de esconder o nosso verdadeiro eu. Este equilíbrio delicado entre perceber e dissimular tem servido bem o ser humano durante a sua já longa história , mas Siegel preocupa-se com o facto de a aptidão para ler os pensamentos alheios estar agora em declínio na nossa cultura. Os pais "obcecados-com-o-desempenho" dos dias de hoje perdem tanto tempo a estimular as suas crianças com actividades estruturadas, brinquedos barulhentos e DVD do Baby Einstein, que não se sentam para "estar" com os filhos, para serem "presentes". Como resultado, negam às crianças a oportunidade de aprender como entrar em sintonia com outra pessoa, física e emocionalmente - ou seja, para desenvolver a aptidão para ler as mentes alheias. Um grau razoável desta aptidão é necessário, diz o especialista, para uma sociedade civil em que os adultos são simpáticos uns com os outros.

Os sete lados de um sexto sentido

Se a quotidiana leitura da mente é um sexto sentido, é um sentido muito complicado que se apoia em todos os outros sentidos e explora completamente as nossas aptidões cognitivas e perceptivas. Para principiantes: quando estamos a tentar entrar dentro da cabeça de alguém, compreendemos o sentido das palavras que estão a ser ditas, monitorizamos expressões faciais e linguagem corporal e registamos o tom de voz e a cadência do discurso. Nem todos os momentos de leitura da mente se desenrolam da mesma maneira. Há pontos de viragem, momentos em que a interacção muda de cor e de tom. Um ponto de viragem pode seguir-se a um silêncio estranho ou à entrada de outra pessoa na discussão, explica Sara Hodges, professora de Psicologia na Universidade de Oregon. Não temos de perscrutar minuciosamente todos os pensamentos e emoções do nosso companheiro, mas é melhor avaliar bem estes momentos, porque eles carregam mais significado. "Se está a ler alguém com enorme exactidão, mas depois falha o ponto em que ele deixa de rir consigo e começa a sentir-se gozado de uma maneira magoada, ou falha o momento em que uma conversa leve se torna séria, então todos os outros dados exactos podem ter ido pelos ares, e isso vai revelar que afinal não é empaticamente certeiro."Saber ler a linguagem corporal é uma componente-chave da leitura da mente. Pode relevar as mais básicas emoções de uma pessoa. Os investigadores mostraram que, ao verem movimentos corporais reduzidos a pontos de luz num ecrã, os observadores conseguem ainda ler tristeza, raiva, alegria, nojo, medo e amor romântico. Somos peritos em ler emoções nos movimentos - mesmo quando há muito pouco por onde pegar. As expressões faciais também são pistas que usamos para saber o que é que os outros estão a pensar. Apesar das três mil expressões diferentes que podemos exibir por dia, são as micro expressões passageiras que traem muitos sentimentos. Infelizmente, a vasta maioria de nós é terrível a detectá-las. Ainda assim, tendemos a focar-nos nos olhos dos outros, e isso ajuda-nos. Os muitos músculos que os rodeiam fazem dos olhos uma fonte de pistas mais rica do que outras partes do rosto: baixos na tristeza, muito abertos no susto, fixos no ciúme, não focados no sonho ou inquietos na impaciência. Sabemos ainda mais sobre a mente de alguém pela maneira como os vários componentes da conversa se conjugam - as palavras, gestos e tom de voz de alguém tanto podem parecer coerentes como incongruentes. Mas apesar de tudo o que retiramos da linguagem corporal e do tom de voz, segundo Ickes, é o conteúdo do discurso que contribui mais para o nosso sucesso em ler pensamentos. As palavras importam.

Agora todos juntos

Há ainda um outro nível mais profundo em que a leitura da mente acontece. As emoções são em certo sentido contagiosas, e podemos sentir o que se passa na cabeça das outras pessoas "apanhando" o que os nossos companheiros de conversa estão a sentir. Há muito tempo que os psicólogos sabem que tendemos a convergir emocionalmente com os outros à medida que falamos com eles; sem termos consciência disso, copiamo-los, alteramos a nossa fisiologia de fora para dentro. Como o método do actor que se "torna" a sua personagem, começamos a "sentir" o que a outra pessoa está a sentir. Quando mimetizamos o comportamento, discurso, ritmos, gestos, expressões e atitudes físicas de outra pessoa, também ganhamos uma percepção directa dos seus sentimentos e atitudes psicológicas, demonstram os estudos. Apesar de os sorrisos se espalharem facilmente, as emoções negativas são mais contagiosas do que as positivas, em geral, provavelmente porque os nossos cérebros são especialmente sensíveis à informação negativa. E ser contagiado pela ansiedade ou medo de outra pessoa faz disparar a nossa resposta "luta-ou-foge" que nos acelera os batimentos cardíacos e a tensão arterial. As pesquisas demonstram que os que são mais susceptíveis ao contágio emocional são melhores a ler os pensamentos e sentimentos. A leitura da mente não é um processo de sentido único, é uma interacção dinâmica, e isto acrescenta um grau adicional de complexidade. Siegel concebe a visão da mente como tendo início na consciência do nosso próprio corpo e estado interior. Quando maior for o nosso autoconhecimento, mais facilmente reconheceremos, por exemplo, que estamos subitamente tensos. Podemos atribuir isso ao nosso interlocutor: "A Maria deve estar com o trabalho pelos cabelos." E talvez estejamos certos. Se começarmos a confortá-la antes de ela dizer que está preocupada com a sua carreira, vamos surgir como um amigo atento e cuidadoso. Mas podemos estar errados. A Maria pode estar bem e a tensão que sentimos foi uma armadilha da nossa imaginação. "Digamos que cresceu numa família em que a raiva não era bem resolvida", observa Siegel, "os seus mecanismos internos enchem a sua visão da mentem", diz ele. Todos os nossos preconceitos pessoais, estereótipos e distorções da memória afectam a nossa visão da mente. Podemos ler segundos sentidos em afirmações honestas se tivermos uma visão do mundo desconfiada. Ou podemos ver boas intenções em más acções se a nossa opinião sobre as outras pessoas for mais optimista. Uma vez que há correlação entre ter um bom mapa do próprio estado mental e desenhar mapas exactos das outras pessoas, Siegel acredita que a atenção - que pode ser melhorada com práticas como a meditação - pode "estabilizar as lentes da visão da mente. Ajuda-o a ver o seu mundo interior com maior clareza. Assim pode olhar para o seu maior autoconhecimento como material para produzir conclusões empáticas". A capacidade de percebermos os nossos próprios sentimentos e interpretarmos todas as pistas que o nosso interlocutor nos dá qualifica-nos para passos verdadeiramente avançados de leitura da mente: identificar pensamentos de que nem a pessoa que os produz tem consciência. "A aptidão que distingue a ovelha das cabras é a aptidão discernir um pensamento ou sentimento que a outra pessoa ainda não reconheceu", diz Hodges: " Não estão a mentir nem a ocultar as suas emoções, estão ainda a decifrá-las e classificá-las. E você pode ajudar nisso." Os que conseguem fazer isto são os amigos mais valiosos, que conseguem levar os outros a perceberem-se melhor. Mas devem conduzi-los suavemente, avisa Hodges. Um comentário como "parece que estás um pouco triste com isto - tenho razão?" será mais bem aceite do que um presunçoso "eu sei o que estás a sentir".

Primeiros passos

A aptidão para ler os pensamentos começam no nascimento: os recém-nascidos preferem os rostos a quaisquer outros estímulos, e bebés de semanas conseguem imitar expressões faciais. Aos dois meses, as crianças percebem e respondem aos estados emocionais dos seus cuidadores; com um ano, "as crianças aprendem com as expressões dos adultos e usam-nas para a conduzir o seu comportamento", afirma Nancy Eisenberg, professora de Psicologia na Universidade do Arizona e especialistas em desenvolvimento emocional. Aos dois, conseguem deduzir os desejos dos outros pela direcção do seu olhar; aos três, conseguem catalogar expressões faciais como contente, triste ou zangado. Aos cinco, os miúdos adquiriram uma aptidão rudimentar para ler as mentes alheias, possuem uma "teoria da mente". Percebem que as outras pessoas têm pensamentos, sentimentos e crenças diferentes dos seus. As crianças afinam a sua habilidade para ler pensamentos "espreitando" a conversa dos adultos, através da qual distinguem as complexidades das regras sociais e das interacções. Brincar com os pares fornece oportunidades de praticar a leitura das mentes das outras crianças, preparação necessária para saber o que se passa na cabeça dos adultos. Tais aptidões crescem naturalmente no curso normal do desenvolvimento. Mas podem ser mais fracas nos adolescentes maltratados ou negligenciados. Crianças oriundas de lares violentos, por exemplo, podem ser demasiados sensíveis a expressões de raiva, vendo este sentimento onde ele não existe, crianças severamente excluídas, como as que cresceram em instituições, podem ser desprovidas da capacidade de identificar com clareza quaisquer emoções. O nível sofisticado de leitura da mente, do "eu sei que tu sabes que eu sei" só aparece no fim da adolescência. Isto porque a aptidão para ficar as perspectivas subjectivas de uma série de pessoas ao mesmo tempo - e integrar a sua visão do mundo e da pessoa em particular que tem à sua frente - muitas vezes exige um cérebro completamente desenvolvido. O narcisismo natural dos adolescentes pode levá-los a interpretar os pensamentos e sentimentos dos outros da forma mais egocêntrica possível: quando uma mãe entra em pânico porque a filha chega uns minutos depois da hora marcada, esta provavelmente vai pensar "lá está a mãe a querer controlar -me" em lugar do mais acertado " a mãe está aborrecida estava preocupada comigo".

Surpresa!

Ickes está empenhado em deitar por terra um dos mais antigos mitos sobre a leitura da mente - que as mulheres têm uma intuição mais apurada, que são elas as verdadeiras detentoras do "sexto sentido". Com uma colega da Universidade Texas, Tiffany Graham, descobriu que não há "qualquer prova" de que as mulheres leiam melhor os pensamentos do que os homens. Então a que se deve a persistência deste esteriótipo de género? "Pode não ser uma diferença de aptidão, mas uma diferença de motivação", diz Ickes, "na vida do dia-a-dia, as mulheres parecem ser mais facilmente motivadas para se esforçarem para perceber o que a outra pessoa está a pensar ou a sentir." A sustentar tal interpretação está um estudo no qual os investigadores ofereceram dinheiro aos participantes que lessem com maior exactidão os pensamentos dos outros. Os pagamentos "limparam qualquer diferença entre os desempenhos deles e delas", sugerindo que, quando querem, os homens conseguem ler a mente tão bem como as mulheres. Nem sempre querem é fazê-lo. O papel da motivação numa correcta leitura da mente ajuda a explicar outra descoberta contra-intuitiva: os maridos e mulheres recém-casados são muito bons em sentir os estados espíritos um do outro. Mas quando esperamos que melhorem as suas capacidades, porque se conhecem mais intimamente, vemos que a compreensão empática diminui depois do primeiro ano de casamento. Porque é que os que se conhecem melhor hão-de perceber-se pior? "Tornam-se confiantes de que sabem tudo sobre o outro e menos motivados em esforçar-se para lerem os pensamentos um do outro", sugere Ickes. A falta de motivação pode afectar a dinâmica matrimonial. Dados sociológicos demonstram que a satisfação matrimonial também diminui um ano depois. "Não interessa há quanto tempo está casado ou é amigo de uma pessoa", observa Ickes, "assumir que se sabe o que o outro está a pensar mata a capacidade de ler a mente." A pesquisa oferece mais surpresas. Poderia pensar-se que os que obtêm melhores resultados nos testes de sensibilidade seriam os melhores leitores da mente. Mas não. Nem sempre os ouvintes profissionais: os psicoterapeutas não mostram maior exactidão do que os pacientes para tirar conclusões baseadas nas expressões faciais; mas são mais certeiros quando se trata de tirar conclusões baseadas na linguagem. E experiências partilhadas não nos ajudam a entrar na cabeça das outras pessoas - uma surpresa para os milhões de pessoas que participam um grupos de apoio.

O que ajuda também pode magoar

Educação avançada, grau de inteligência elevado, mente aberta e boa saúde mental aumentam a compreensão empática. Toda a gente tem melhores resultados quando lê os pensamentos de pessoas que conhecem - os que estão acima da média a desvendar estranhos também são muito bons a ler os que estão no seu círculo de amigos. Há pessoas mais fáceis de decifrar. Falam mais e usam mais gestos, fornecendo um mapa dos seus pensamentos e sentimentos. A capacidade de leitura da mente que ajuda a ser um amigo compreensivo ou um companheiro solidário também pode ser usada para atingir onde dói mais. Pense num casal que está junto há muitos anos e que se atormenta mutuamente graças ao conhecimento íntimo: ele sabe que ela está a pensar no irmão que morreu há muito e ironiza acerca de como ela nunca cuidou dos seus laços familiares; ela sentir que ele está a pensar nos seus fracassos profissionais e confirma que ele de facto estragou sempre todos os negócios em que se meteu. Em qualquer relação, a arte de ler a mente exige saber quando "atacar" e quando deixar a "presa" sozinha, estratégia que reclama uma virtude caída em desus: a discrição. Ickes chama-lhe "gerir" a compreensão empática. " Os casais que cultivam a discrição sabem quando entrar na cabeça do outro e quando ficar de fora", diz ele. Isto significa deixar o seu parceiro chegar-se a si, em vez de o invadir e complementar as suas frases. Também significa não reagir exageradamente a pensamentos que decifrou e que são ameaçadores para si, mas passageiros: o seu namorado pode gostar de ver aquela actriz sensual no grande ecrã, mas é a sua mão que ele está a segurar no escurinho do cinema. Felizmente, temos mais do que uma hipótese de perceber alguém correctamente. Um leitor da mente sábio afina continuamente as suas assunções iniciais acerca do que a outra pessoa sente. " O bom amigo não é aquele que percebe imediatamente - é o que se preocupa em continuar a tentar perceber", diz Hodges, "tem sempre hipótese de adivinhar o que o outro está a sentir ou a pensar." Estar em sintonia com o outro pode ser uma esperiência transcendente. Conhecer o outro e ser conhecido por ele, diz Siegel "é o coração das relações empáticas".

sábado, 1 de dezembro de 2007

Mais de 32 mil casos de HIV/sida notificados em Portugal

Mais de 32 mil casos de HIV/sida estavam notificados em Portugal até Setembro, quase metade em pessoas sem sintomas, segundo dados apresentados por especialistas quando se assinala o Dia Mundial de Luta Contra a Sida."Stop à Sida" é, este ano, o mote para chamar a atenção para a doença, que mata quatro pessoas em cada minuto, ou mais de 5700 por dia, segundo a ONUsida.Publicadas em Novembro, as últimas estimativas daquela agência das Nações Unidas assinalam cerca de 6800 novas contaminações por dia.No mundo, cerca de 33,2 milhões de pessoas são seropositivas ou doentes de sida, sendo que, por dia, aproximadamente 1200 crianças com menos de 15 anos são infectadas pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana).Segundo o mais recente relatório anual do Programa das Nações Unidas sobre a doença, o número de casos notificados torna Portugal o quarto país da Europa Ocidental com mais casos de infecções pelo vírus diagnosticados no ano passado.Entre as 32.205 pessoas com HIV registadas em Portugal, 43,8 por cento já apresentavam sida, o que representa um total acumulado de 14.110 até ao final de Setembro.Ser seropositivo ao HIV (vírus da imunodeficiência humana) não significa necessariamente ter sida, uma vez que a doença só é definida quando existe a presença do vírus em conjugação com uma doença infecciosa (como a tuberculose ou pneumonia) ou com um tumor.Em relação aos cerca de 18 mil casos notificados de HIV em pessoas que não tinham evoluído ainda para a sida, a esmagadora maioria dos infectados não apresentava qualquer sintoma, segundo Elizabeth Pádua, do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge.A especialista sublinhou que se tem acentuado a tendência para um aumento de casos de sida no grupo dos heterossexuais, o que tem sido particularmente evidente nas mulheres.Uma das explicações avançadas para Portugal ser um dos países da Europa Ocidental com maior número de notificações é, segundo o especialista em medicina interna, a falha na prevenção, que existe muito graças à escassez de campanhas.O número de notificações poderá aumentar com um novo sistema, em vigor este ano, que prevê que o Ministério da Saúde pague anualmente às instituições de saúde por cada doente que inicia o programa de tratamento ao HIV. Isto porque o HIV/sida já é uma doença de declaração obrigatória em Portugal, mas estima-se que haja uma sub-notificação dos casos, que poderá ser revertida com este programa de pagamento, uma vez que para receberem o dinheiro do Ministério da Saúde os hospitais têm obrigatoriamente de notificar os doentes que entram em programas de tratamento.Mais de 32 mil casos de HIV/sida estavam notificados em Portugal até Setembro, quase metade em pessoas sem sintomas, segundo dados apresentados por especialistas quando se assinala o Dia Mundial de Luta Contra a Sida."Stop à Sida" é, este ano, o mote para chamar a atenção para a doença, que mata quatro pessoas em cada minuto, ou mais de 5700 por dia, segundo a ONUsida.Publicadas em Novembro, as últimas estimativas daquela agência das Nações Unidas assinalam cerca de 6800 novas contaminações por dia.No mundo, cerca de 33,2 milhões de pessoas são seropositivas ou doentes de sida, sendo que, por dia, aproximadamente 1200 crianças com menos de 15 anos são infectadas pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana).Segundo o mais recente relatório anual do Programa das Nações Unidas sobre a doença, o número de casos notificados torna Portugal o quarto país da Europa Ocidental com mais casos de infecções pelo vírus diagnosticados no ano passado.Entre as 32.205 pessoas com HIV registadas em Portugal, 43,8 por cento já apresentavam sida, o que representa um total acumulado de 14.110 até ao final de Setembro.Ser seropositivo ao HIV (vírus da imunodeficiência humana) não significa necessariamente ter sida, uma vez que a doença só é definida quando existe a presença do vírus em conjugação com uma doença infecciosa (como a tuberculose ou pneumonia) ou com um tumor.Em relação aos cerca de 18 mil casos notificados de HIV em pessoas que não tinham evoluído ainda para a sida, a esmagadora maioria dos infectados não apresentava qualquer sintoma, segundo Elizabeth Pádua, do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge.A especialista sublinhou que se tem acentuado a tendência para um aumento de casos de sida no grupo dos heterossexuais, o que tem sido particularmente evidente nas mulheres.Uma das explicações avançadas para Portugal ser um dos países da Europa Ocidental com maior número de notificações é, segundo o especialista em medicina interna, a falha na prevenção, que existe muito graças à escassez de campanhas.O número de notificações poderá aumentar com um novo sistema, em vigor este ano, que prevê que o Ministério da Saúde pague anualmente às instituições de saúde por cada doente que inicia o programa de tratamento ao HIV. Isto porque o HIV/sida já é uma doença de declaração obrigatória em Portugal, mas estima-se que haja uma sub-notificação dos casos, que poderá ser revertida com este programa de pagamento, uma vez que para receberem o dinheiro do Ministério da Saúde os hospitais têm obrigatoriamente de notificar os doentes que entram em programas de tratamento.

Cirque de Soleil

A célebre companhia canadiana de novo circo está em Portugal até domingo com Delirium. Cabe lá quase tudo: artes acrobáticas, música, dança e inovações multimédia.

Um homem sobre andas vai pontuando o espectáculo com momentos cómicos. Uma contorcionista maximiza a flexibilidade do corpo. Aqui, não há movimentos impossíveis. O espectáculo de Lisboa tem 36 artistas: seis músicos, 12 bailarinos, seis cantores, nove acrobatas e três actores. A companhia tem quase quatro mil funcionários de 40 nacionalidades. Neste momento, há espectáculos em nove países. A acrobacia funde-se na cor, no ritmo dos corpos e nas técnicas audiovisuais. Faz-nos sentir pequenos perante a grandeza do universo, marionetas com vontade, e questiona-nos sobre a génese da vida humana e as suas transformações. Entram em cena personagens retiradas de um mundo psicadélico. Para a música não há fronteiras. Conhecido pela sua faceta multicultural, o Cirque du Soleil mistura os sons do mundo. Desejo é o nome da canção entoada em português que fez vibrar a plateia com o som entusiasta do samba brasileiro. E há um vulcão. Há vida no palco. A dança alia-se ao ritmo e o ritmo ao corpo. Dois bailarinos executam uma fusão de dança tribal e luta marcial, a Capoeira. A imaginação está suspensa no espaço e o mundo dá voltas. 49 mil pessoas vão ver, em Lisboa, este homem pendurado num balão, que procura quem é e de onde vem. Uma sereia voadora inebria-lhe os sentidos e a música ecoa pelo Pavilhão Atlântico, fascinando a audiência. Não há lógica. Essa pertence ao sonho. Há um sentido de equilíbrio em cada movimento do corpo. Cada músculo obedece a uma ordem prévia e não há espaço para a indecisão. Há um sentido de estética elaborado, uma coordenação imprescindível para que tudo resulte na perfeição. É um paralelismo à organização metódica do universo. Os astros alinham-se nas suas órbitas e os homens submetem-se a um entendimento recíproco.

Em breve seremos capazes de ler pensamentos

As ideias nascem num hemisfério do cérebro e, depois, são transformadas em discurso no outro. Graças aos dois compartimentos de massa cinzenta que temos dentro da cabeça, somos diferentes dos chimpanzés. E, precisamente porque pensamos, já estamos próximos de compreender o berço do pensamento, sugere o investigador britânico.

Tim Crow é polémico, mas defende as suas ideias com uma calma e clareza que impressionam. Conversamos com o psiquiatra inglês no Centro de Estudos Portugueses do Instituto Camões em Oxford, em Inglaterra: ele fala num tom baixo e compassado, discorda da teoria evolucionista de Darwin como quem está a contar uma história às crianças. E fala sobre a possibilidade (cada vez "mais próxima") de "lermos" os pensamentos humanos como quem diz que quer lulas para o almoço. Talvez seja a sabedoria acumulada de quem nasceu em 1938, talvez seja a segurança de alguém que acredita piamente na sua teoria (já vamos falar da sua famosa tese sobre as origens genéticas do Homo sapiens, tema da conferência que apresentou ontem à noite no ciclo Crítica do Contemporâneo da Fundação de Serralves, no Porto). Não sabemos exactamente por que é que Tim Crow fala assim das suas convicções científicas, mas sabemos que o pensamento antecede o discurso. Mas conseguiremos algum dia aceder ao patamar invisível das ideias, construído algures no nosso cérebro? "Acredito que sim, creio que estamos próximos disso", afirma o investigador da Universidade de Oxford. Os pensamentos são, em última instância, um conjunto de impulsos eléctricos que atravessam as nossas células nervosas (os neurónios). Então por que é que ainda não conseguimos descodificá-los? Não podemos seguir esses pequeninos choques que viajam pelo cérebro? "Sim, mas só até um determinado ponto", diz Tim Crow. O autor de The Speciation of Modern Homo sapiens explica que a transformação do pensamento em palavras articuladas é um processo sofisticado que depende dos dois hemisférios cerebrais - e daí a dificuldade de seguir-lhes o rasto. Ideias num lado, fala noutro"O que eu considero interessante é a coexistência de quatro compartimentos do cérebro que permitem a transformação do pensamento em discurso. Cada compartimento tem uma função diferente, o pensamento e a fala estão associados mas ocupam lugares diferentes na nossa cabeça" esclarece Tim Crow, director honorário do Centro Internacional de Investigação em Esquizofrenia e Depressão Príncipe de Gales. É como se tivéssemos diferentes gavetinhas dentro do crânio: cada uma acomoda dados e processos diferentes, mas não são divisórias estanques. Os tais compartimentos comunicam-se, apesar de poderem estar na porta direita ou esquerda do guarda-fatos que é o cérebro. Chama-se a isto a lateralização das funções do cérebro, ou seja, a distribuição das actividades cerebrais pelos seus dois hemisférios, dois grandes gomos de massa cinzenta que estão em permanente contacto ou cooperação, embora sejam muito ciosos das suas próprias tarefas.Para já, conseguimos apenas observar o cérebro consciente a funcionar. E isto não é pouco. Os laboratórios de neurociências envidam cada vez mais esforços para compreender o que se passa dentro de um cérebro vivo e pensante, utilizando para o efeito diferentes técnicas - a análise dos padrões de actividade electromagnética no interior da cabeça, por exemplo, ou a menor ou maior afluência de sangue em zonas distintas dos tecidos nervosos. As tecnologias de imagiologia cerebral de última geração permitem mesmo o estudo de processos cerebrais que duram um milésimo de segundo! Os dois gomos do cérebro Parece estranho, mas a famosa teoria de Tim Crow envolve elementos aparentemente desconexos como a psicose e a evolução do homem moderno. O psiquiatra britânico propõe que a origem da maioria dos casos desta doença mental está associada à assimetria do cérebro, uma característica que também está especificamente ligada ao domínio humano da linguagem. Por outras palavras, a linguagem e a psicose teriam uma origem evolutiva comum: uma mutação genética que permitiu aos dois hemisférios cerebrais funcionar com algum grau de independência. Assim também nasce a frase mais citada do cientista: "A esquizofrenia é o preço que o Homo sapiens tem de pagar pela aquisição da linguagem.""O aparecimento da linguagem não foi gradual", garante o investigador, que põe assim por terra os dogmas darwinistas da selecção natural ao longo do tempo. Para Tim Crow, a capacidade do homem moderno dominar a linguagem foi fruto de um "acidente genético". Houve uma mutação (a translocação repetitiva do gene da protocaderina) há cerca de 150 mil anos e... tchanan! Um indivíduo do sexo masculino ganhou uma capacidade que nenhum outro tinha e, por isso mesmo, defende Crow, tornou-se um tipo mais interessante para as companheiras de caverna. Esta alteração foi sendo aprimorada à medida que as mulheres escolhiam os parceiros sexuais mais eloquentes, o que também permitiu a transmissão do erro genético localizado apenas no cromossoma masculino, o Y, para o cromossoma X. Então quer dizer que o homem começou a falar antes da mulher? "Sim, mas as mulheres são mais rápidas a apreender novas palavras", garante Tim Crow. Isso é o que ele sabe (e o que sabe comenta com tranquilidade, já sabemos) mas há infinitas coisas que ainda não descobriu - e são exactamente essas que fazem os seus olhos brilharem e a sua voz ganhar entusiasmo. "O ponto crucial é na mudança do X. Ainda não sabemos exactamente quando é que isto aconteceu", lamenta o investigador. Também ainda está por provar, por exemplo, que é o gene responsável pela expressão da protocaderina o responsável pela lateralização do cérebro. As ideias de Tim Crow são polémicas q.b. A teoria em voga é a de que a linguagem surgiu algures entre sete milhões de anos (quando partilhamos o último antepassado comum com os chimpanzés) e 150 mil anos (origem do Homo sapiens). Quando falamos de linguagem, referimo-nos a uma comunicação sintáctica, algo bem mais complexo do que o canto dos pássaros para avisar que um predador se aproxima. A incorporação da gramática terá sido a última (e mais decisiva) etapa no desenvolvimento da linguagem. Com ela, as palavras tornam-se legos que podem ser combinados das mais diversas formas para que possamos expressar as nossas ideias, sentimentos e projectos. E os homens, seja por uma teoria seja por outra, ganharam o dom de filosofar, criar modelos econométricos e até máquinas para ler os pensamentos alheios.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Estimulação precoce dos pais determina sucesso na escola

Quanto mais cedo a criança for estimulada pelos pais e pela escola a aprender, mais fácil será garantir, nos anos seguintes, a sua formação plena com sucesso. Foi esta uma das principais teses, avançada ontem na conferência internacional "Sucesso e Insucesso", a decorrer, até ao final da tarde de hoje, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.

Abordando a contribuição das neurociências para a compreensão da natureza da aprendizagem, o director do Instituto de Ciências da Saúde, Alexandre Castro Caldas, demonstrou como as potencialidades cerebrais de cada pessoa devem ser desenvolvidas logo na primeira fase da vida, se possível, nos primeiros três anos de existência.

A importância do desenvolvimento educativo precoce e da frequência do pré-escolar foi igualmente destacada pelo presidente da Gulbenkian, Emílio Rui Vilar, que anunciou o lançamento, no próximo ano, de um programa de combate ao insucesso e ao abandono escolares. "Este programa, que tem a duração prevista de seis anos de execução e que deverá integrar avaliação externa, será dedicado aos níveis de escolaridade não superior e desenvolver-se-á através do apoio à execução de projectos educativos replicáveis, à realização de estudos e à organização de seminários, workshops e outras reuniões nacionais e internacionais", disse Rui Vilar na abertura da conferência.

Já a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, destacou a necessidade de "uma crescente articulação entre políticas de educação e políticas sociais de apoio às famílias" no combate ao insucesso e abandono. Baseando-se nos modelos de análise de sociólogos, a governante destacou o facto de as desigualdades escolares serem espelho de desigualdades sociais e económicas, em que o estatuto social, económico cultural dos pais pesa decisivamente nos resultados escolares.

"São países, como é o caso de Portugal, em que a origem social e os recursos económicos e familiares condicionam mais fortemente os resultados e o sucesso escolares, com as consequentes maiores dificuldades dos sistemas de ensino no cumprimento da sua missão", sustentou.

No estudo que apresentou, Madalena Mendes de Matos abordou os novos modelos de insucesso associados às novas condições da vida nas áreas metropolitanas, aos bairros dormitório, à degradação da qualidade de vida nos subúrbios e às novas culturas juvenis. Os exemplos que referiu serviram para relacionar os contextos territoriais de inserção da escola e a sua capacidade de organização para responder às necessidades educativas. O que se verifica é que estes factores variam consideravelmente no território nacional.

Em Portugal, o insucesso permanece elevado. Rui Vilar apresentou números 64,7% da população entre os 25 e os 34 anos não concluiu o Secundário (na União Europeia, o valor médio é de 25,1%), a taxa de retenção no Básico, em 2004/05, foi de 11,8% e , no terceiro ciclo do mesmo nível, foi de 19,7%.

Do cérebro ao sucesso

No século XXI parece inevitável a construção de uma ponte entre a educação e a neurociência cognitiva. Quem o diz é Isabel Hub Faria especialista em psicolinguística, professora catedrática de linguística na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. No entanto, considera que essa relação não pode nem deve ter aplicação directa no ensino, mas permite encontrar novos mecanismos que promovam o sucesso e a produtividade. Desde a perspectiva da linguagem, sustenta Isabel Hub Faria, é possível perceber que cada pessoa em exposição às práticas comunitárias em que vive, é capaz de extrair das suas experiências parâmetros reguladores para o desenvolvimento da sua produção e compreensão. A relação entre neurociências e educação é também a área de investigação de Sarah Blakemore. O desenvolvimento cerebral na adolescência, com as alterações neurológicas provocadas pelo crescimento da criança, traz ao ser humano um aperfeiçoamento de uma certa quantidade de habilidades cognitivas fundamentais. Planear, tomar decisões, compreender as outras pessoas são algumas delas. Sarah Blakemore é investigadora na Royal Society University, no Reino Unido.

Anacom aplica coimas à TMN e à Colt Telecom

A Anacom anunciou hoje ter aplicado recentemente coimas à TMN e à Colt Telecom. Seis mil euros à primeira, por atraso em pedidos de portabilidade de números, e 12,5 mil euros à Colt Telecom por lapsos de informação.O regulador do sector das comunicações adianta, em comunicado, que foi dado como provado que a Colt Telecom "exercendo a actividade de prestador de serviço telefónico em local fixo, não enviou ao ICP-ANACOM os relatórios com informação sobre os níveis de qualidade de serviço registados no 1.º, 2.º e 3.º trimestres de 2006". “A falta de envio (...) da informação trimestral sobre os níveis de qualidade dos serviços prestados, constitui incumprimento do n.º 3 do artigo 40.º da Lei n.º 5/2004, de 10 de Fevereiro – Lei das Comunicações Electrónicas, nos termos da qual as empresas que oferecem serviços de comunicações electrónicas acessíveis ao público devem disponibilizar regularmente à Autoridade Reguladora Nacional informações actualizadas sobre a qualidade de serviço que praticam”, explica a Anacom.O regulador esclarece ainda que a violação da obrigação de prestação de informações constitui uma contra-ordenação punível com coima de 500 a 3,74 mil euros, e de 5 mil a 5 milhões de euros, "consoante seja praticada por pessoa singular ou colectiva". A Colt Telecom pagou a coima a 09 de Novembro.A coima de seis mil euros aplicada à operadora móvel do Grupo PT, a TMN, decorre do facto de a empresa não ter respondido em tempo útil a três pedidos de portabilidade de um mesmo número.Os pedidos electrónicos de portabilidade chegaram à TMN efectuados pela Vodafone Portugal a 19, 22 e 28 de Dezembro de 2005, não tendo a operadora de Zeinal Bava respeitado o prazo de dois dias úteis para responder ao pedido em qualquer uma destas três datas. A TMN efectuou o pagamento voluntário da coima aplicada em 16 de Novembro de 2007.

Será que é só isso??

Djambé leva jovens à Guiné-Conacri

Três jovens de Viana do Castelo, em insólita viagem com o destino à Guiné-Conacri, a bordo de carro com mais de 20 anos, com um propósito não menos singular: o de gravar, naquele país africano, um documentário sobre o djambé. Considerando ser "oportunidade única", Armando Santos, de 29 anos, professor de Educação Física e entusiasta do instrumento de percussão, diz que a aventura nasceu do convite de um dos mais conceituados músicos daquele país (Billy Konaté), que desafiou os jovens vianenses a documentarem uma herança cultural que afiança, "ameaça perder-se".
"O djambé está na origem de manifestação cultural enraizada tanto no Mali (país que também vão precorrer) como na Guiné-Conacrie e que ameaça perder-se. No entender dos especialistas, com quem temos já entrevistas agendadas, vários são os músicos que estão a adulterar, a descaracterizar o instrumento e, com ele, vários estilos musicais que dele derivaram, para conseguir a entrada num qualquer país do hemsifério norte. Segundo nos disseram, o momento para lá ir é agora", indicou.

Para tal, adquiriram uma carrinha com mais de 20 anos, um Peugeot 505 - que não foi escolhida ao acaso, mas por "continuar a haver grande mercado de peças" para o modelo nos países africanos onde vão passar -, tendo passado os últimos tempos a beneficiá-lo. Além de necessário "chek up" total as motor da viatura, dotaram-na de um segundo tanque de gasolina, para ter autonomia "para mais de um milhar quilómetros".

Ao todo, esperam pelos jovens cerca de 6000 quilómetros de estrada, com passagens pos Marrocos, Mauritânia, Mali, Guiné-Bissau e, por fim, a Guiné-Conacri. Durante o percurso, a carrinha que escolheram funcionará, também, como o "hotel" do grupo: "Acampar pode ser, por vezes, perigoso. Daí a nossa opção".

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Cada deputado gasta 78 euros por dia apenas em deslocações

Parlamento espera gastar 109,8 milhões de euros no próximo ano. Salário anual por deputado chega aos 56500 euros.

A Assembleia da República conta gastar 109,8 milhões de euros no próximo ano. O valor mencionado no Orçamento para 2008, ontem publicado em Diário da República, fica abaixo dos 127 de euros que o Parlamento deverá despender este ano.

As despesas com pessoal absorvem quase metade dos 45,6 milhões de euros de gastos correntes. Nesta rubrica, os deputados são responsáveis pela maior percentagem. Ao todo, os 230 parlamentares vão receber 13 milhões de euros, o que dá uma média de 56500 euros a cada um.

A este montante juntam-se outros, como o subsídio de alimentação ou as ajudas de custo - só estas últimas totalizam mais 3,30 milhões de euros.


Viagens saem caras

A seguir ao pessoal, as despesas com a aquisição de bens e serviços são as mais relevantes, totalizando 21,1 milhões de euros.

Nesta categoria, destaque para os 3,16 milhões de euros para transportes dos deputados. Estes vão ainda gastar 3,46 milhões de euros em deslocações e estadas. Ou seja, em viagens internas e externas, o Parlamento vai suportar gastos de 6,62 milhões de euros, uma média de 18 mil euros por dia ou de 78 euros diários por deputado.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Stress é um factor decisivo no desenvolvimento de Alzheimer

Equipa liderada por dois portugueses descobre que stress favorece a doença de Alzheimer

Componente de tratamento médico pode prejudicar mais do que ajudar os pacientes da doença de Alzheimer.

Apesar de a experiência ainda só ter sido feita em animais, uma equipa de investigadores, liderada por dois cientistas portugueses, descobriu que o stress é um factor decisivo no desenvolvimento na doença de Alzheimer.



A investigação, que começou há dois anos e meio, ainda está a dar os primeiros passos, o que leva um dos investigadores portugueses envolvido a ser muito cauteloso quando se fala de confirmação clínica destes resultados.

Nuno Sousa, investigador de Universidade do Minho, explicou à Lusa que as alterações que conduzem a esta doença se devem ao mau processamento de uma porteína chamada beta-amilóide, responsável pela formação das chamadas placas amilóides que aparecem no cerébro dos doentes que sofrem de Alzheimer.


Resposta ao stress prejudicial


"Usando animais, fomos avaliar se a exposição ao stress induzia o processamento anómalo desta proteína. Submetemos animais a protocolos de stress crónico verificámos que havia esta relação", explicou o cientista. Depois foram adicionados mais dois estímulos no cérebro dos ratos: a injecção de glucocorticóides - cuja produção é a primeira resposta fisiológica ao stress - e de proteína beta-amilóide.



Verificou-se, assim, que havia um "efeito cumulativo" e que, de facto, "estímulos distintos caminham no sentido de aumentar esta proteína", o que demonstra que os glucocorticóides têm o mesmo efeito, confirmando o importante papel desempenhado pelo stress na doença.


Tanto "o stress" como "as hormonas de stress são indutivas do aparecimento de marcadores de Alzheimer".


Tratamento pode ajudar doença


Como o glucocorticóide (resposta fisiológica ao stress) é usado para tratar doentes de Alzheimer, esta substância pode estar a contribuir para a doença em vez de ajudar a combatê-la. A partir destas conclusões, a equipa está a orientar-se em duas direcções: prosseguir o estudo dos modelos animais e verificar que mecanismos estão na base das alterações; e fazer investigação clínica e ver os processos de envelhecimento, porque esta doença se enquadra numa perturbação que tem a ver com a idade.



Herpes com ligação a doença de Alzheimer




Uma pesquisa da Universidade de Manchester, no Reino Unido, sugere que o vírus do herpes pode estar a ligado à Doença de Alzheimer. Em testes laboratoriais os cientistas infectaram uma cultura de células cerebrais com o vírus do herpes, HSV -1, e confirmaram um aumento "surpreendente" da qualidade de proteína beta-amilóide, que está presente nos cérebros de paciente com Alzheimer.




Os cientistas conduziram ainda uma experiência em paralelo, examinando as partes dos cérebros de pacientes que morreram com a doença de Alzheimer, encontrando o material genético do vírus do herpes acumulado sobre as placas da proteína beta amilóide.Pesquisas efectuadas anteriormente já haviam indicado que o vírus HSV-1 estava presente nos cérebros de 70% de pacientes com Alzheimer."A Alzheimer é causada por vários factores e a nossa pesquisa indica que uma série de mutações genéticas e o vírus do herpes podem estar contribuindo para a doença. No futuro, as pessoas poderão ser imunizadas contra o vírus HSV-1, o que poderia ajudar na prevenção da doença degenerativa", refere Ruth Itzhaki, líder da pesquisa.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Kweitey

It was after dark by the time we returned to Kete Krachi but our spirits were not dampened.

The film crew arrived the next night and we all agreed to rise early the next day to do some scouting. Typically, everyone was late and we departed later than planned.
Early on, however, we spotted a boat that looked suspicious. As Albert talked with the master he became certain that we were dealing with a trafficked child. The young fellow was very quiet and diligent.


He was reluctant to talk with us but finally was persuaded to visit with Albert and Kofi. We learned he was working from a village that was on an Island named “Lala” (no wise cracks about my affinity with “Lala Land”!). At approximately 1:00 we landed at Lala (tht’s tye typical time masters bring their catch ashore, mend nets, get food and a little rest before returning to the lake) and sure enough, there was Christian (the master) and Kweitey (the child).

After some very intense negotiations and a lot of pressure from the local “Opinion Leader” (sort of a village elder) Christian reluctantly agreed to release Kewitey on Monday. Alex (bless her!) was very assertive and after much pressure, Kweitey went home with us that afternoon.

Kweitey was initially very shy and somewhat fearful that things might be going from bad to worse.

However, by midday he was better and by the following day he was involved in soccer games with the others and showing a great deal of promise in an impromptu class taught by Alex.




Um piropo vale 46 camelos

Um tribunal beduíno condenou um homem a pagar 46 camelos, a comutação de uma pena que previa também que lhe fosse cortada a língua, por ter lançado um píropo a uma mulher de uma outra tribo.
O caso, relatado pelo diário egípcio "Ajbar al Yom", passouse num acampamento no sul da península do Sinai (Egipto), onde vigoram leis especiais impostas pelos próprios beduínos.

[Árabes nómadas dos desertos do Norte de África e Médio Oriente, que se regem por códigos muito rígidos elaborados pelos próprios, os beduínos agrupam-se em tribos, formando uma sociedade fortemente centrada no elemento masculino, em que as mulheres trabalham e os homens ficam nas tendas a beber chá, a conversar e descansar das viagens pelo deserto. Foram eles responsáveis pela domesticação do camelo. A riqueza das tribosassenta no número de animais que possuem].

O acusado lançou piropos a uma mulher, que na altura cuidava do gado, ao passar de carro, pelo que deverá também entregar o veículo, segundo a pena imposta.

Além disto deverá pagar 40 camelos ou o equivalente ao seu valor, calculando em 80000 libras egípcias (mais de 10000 euros).

A sentença original previa ainda que se cortasse a língua ao galã, mas após três horas de árduas negociações entre o tribunal, os advogados e as famílias, foi decidido comutar a pena contra pagamento de mais de seis camelos.

Um destes animais terá de ser "original", quer dizer de uma raça muito apreciada pelos árabes pela sua velocidade superior.

Entre as acusações a que teve de responder, figura a de ter prejudicado a mulher durante as suas horas de trabalho, já que teve de abandonar o gado para ir queixar-se à família. Um dos advogados da mulher assinalou como agravante que não tinha havido nenhum prévio pedido de namoro.

De acordo com as leis beduínas, o homem deve comunicar o seu interesse por uma mulher a um emissário, que transmite a mensagem à visada e fica à espera do seu consentimento.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Jogo limpo por linhas tortas

George Orwell escreveu uma vez que "o desporto a sério não tem nada a ver com o fair play". "Está cheio de ódio, inveja, vaidade, um completo desrespeito pelas regras e um prazer sádico em testemunhar actos de violência. Por outras palavras, é uma guerra sem os tiros", escreveu. É claro que Orwell era conhecido por ser particularmente cínico, mas o desporto praticado no seu tempo, o início do séc. XX, embrulhado na brutalidade dos nacionalismos excessivos que marcaram essa época da história da humanidade, dava-lhe alguma razão. Entretanto as coisas mudaram. Cem anos podem ter esse efeito na humanidade em geral e no desporto em particular. O "fair play" é uma parte fundamental do desporto moderno e uma das bandeiras da FIFA e da UEFA, por exemplo. Contudo, mesmo em pleno século XXI, há alturas em que o desporto a sério não tem nada a ver com "fair play", alturas em que é difícil perceber onde começa e onde acaba o jogo limpo. Será que existe "fair play" em explorar a desvantagem de uma equipa adversária que resulta de lesão pontual de um dos seus jogadores? Será que existe "fair play" em simular uma lesão para travar o normal fluxo de jogo? Quem pode avaliá-lo? De acordo com os meios mais recentes orientações da UEFA, a desicão sobre a necessidade de paragem do jogo para assistir um jogador é a exclusiva responsabilidade do árbitro. E já vai sendo tempo de os árbitros assumirem as suas responsabilidades, libertando os jogadores do peso de decisões que não lhes compete tomar e que podem ter influência na desfecho do jogo.

Vinte anos não bastaram para curar o planeta

Em 1987, um relatório de uma comissão da ONU pôs no papel a ideia do desenvolvimento sustentável e declarou que era preciso agir rápido. Agora, um novo relatório das Nações Unidas diz que nesses vinte anos houve avanços, mas no essencial mantêm-se os problemas ambientais mais importantes
O que é que mais um mega-relatório ambiental pode acrescentar de novo ao que já se sabe sobre as feridas do planeta? O quarto Global Environment Outlook (GEO-4), um maciço documento de quase 600 páginas, ontem divulgado pelas Nações Unidas, traz, no mínimo, um raciocínio que merecia ser feito. Em 1987, o relatório O Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento - conhecido como Relatório Brundtland -, alertou para graves problemas e apelou à acção. Agora, vinte anos depois, a mensagem não é muito diferente: o GEO-4 diz que os principais problemas se mantêm e agora é preciso agir ainda mais rápido. "Não há nenhum dos temas levantados em O Nosso Futuro Comum para o qual as tendências futuras sejam favoráveis", sentencia o relatório, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP, na sigla em inglês).O que correu bem e o que correu mal nessas duas décadas, é isso o que procuraram responder 390 especialistas, apoiados por mais de mil revisores científicos.Do lado positivo, por exemplo, avançou a cooperação internacional - preconizada no Relatório Brundtland, em 1987. Vários tratados internacionais foram assinados e pelo menos um deles está a funcionar muito bem - o Protocolo de Montreal, que praticamente baniu os gases que destroem a camada de ozono.Multiplicaram-se as áreas protegidas, para preservar a biodiversidade, controlaram-se alguns problemas de poluição, aumentou o nível de acesso a água tratada e saneamento.Ameaças persistentesMas, no essencial, as ameaças que mais seriamente assombravam a Terra há vinte anos continuam válidas ainda hoje, dos cenários dantescos das alterações climáticas, ao funesto desaparecimento de espécies selvagens, passando por riscos persistentes à saúde humana, como o da poluição da água e do ar (ver caixas).O mundo mudou substancialmente nesse período. A população mundial saltou de cinco mil milhões de habitantes para 6,7 mil milhões. A economia cresceu, embora de modo desigual. O PIB per capita global era de 8162 dólares (5830 euros) em 2004, contra apenas 5927 dólares (4234 euros) em 1987.Mas, mesmo com o benefício dos avanços tecnológicos, a pressão sobre o planeta também cresceu. Segundo o GEO-4, a "pegada humana" está acima das capacidades naturais da Terra. Cada pessoa precisa de 21,9 hectares do planeta para sustentar o seu actual nível de vida, bastante acima do limite de regeneração biológica, que é de 15,7 hectares. Ou seja, "a quantidade de recursos necessários para sustentar [a população] excede os que estão disponíveis", diz o relatório.É exactamente isto o que não queria o Relatório Brundtland, que lançara o conceito do "desenvolvimento sustentado", no qual a economia, o ambiente e o bem-estar social devem andar de mãos dadas."A resposta da comunidade internacional à comissão Brundtland foi, em alguns casos, corajosa e inspiradora", afirma o director-executivo da UNEP, Achim Steiner, num comunicado. "Mas muitas vezes tem sido lenta, a um ritmo e uma escala que não reconhecem nem respondem à magnitude dos desafios que as pessoas e o planeta enfrentam", completa Steiner.Em alguns pontos, o relatório chama a atenção para pontes entre problemas ambientais e tensões de outra ordem. Cita, por exemplo, que as alterações climáticas podem afectar zonas semi-áridas em África, reduzindo a extensão do período arável. E isto pode levar a conflitos. Alguns analistas consideram que a actual crise no Darfur, Sudão, está intimamente relacionada com mudanças no clima ao longo das últimas décadas.Migrações ambientaisO relatório também foi encontrar um exemplo de migrações ambientais no fluxo de africanos que têm procurado entrar ilegamente na Europa, nos últimos anos, muitas vezes com resultados trágicos. "A exploração das pescas na África ocidental por frotas russas, asiáticas e europeias aumentou seis vezes entre 1960 e 1990", diz o relatório. "Devido a esta sobre-exploração (...) muitos pescadores artesanais da costa africana ocidental estão agora a migrar para algumas das regiões que estão a explorar os seus recursos".Sem praticamente trazer dados inéditos, o relatório diz que o seu objectivo não é apresentar um cenário aterrador, mas servir como "um apelo urgente à acção". Não era muito diferente a conclusão do Relatório Brundtland, há vinte anos.

Processos de treino

Delimitação conceptual

Exercício - Brito (2003) considera o exercício como um meio/instrumento técnico - pedagógico fundamental que o treinador/professor dispõe par elevar e potenciar o nível de prestação/rendimento dos seus jogadores/alunos.

Treino - Segundo Castelo (2000) "treino é um processo pedagógica que visa desenvolver as capacidades técnicas, tácticas, físicas e psicológicas dos praticantes e das equipas no quadro específico das situações competitivas através da prática sistemática e planificada do exercício, orientada por princípios e regras devidamente fundamentadas no conhecimento científico".

Técnica - Matveiev (citado por Ferreira, 2001) considera a técnica como o modelo ideal da acção competitiva (mental, verbal, gráfico, matemático ou outro) elaborado com base na experiência prática ou mesmo teórica.

Táctica - Waineck (citado por Ferreira, 2001) entende a táctica como o comportamento racional regulado pela própria capacidade de rendimento do praticante, do adversário e das condições exteriores, no confronto individual ou colectivo.

Acções Técnico - Tácticas - Citando Maçãs e Brito (2000) podemos afirmar que estas são " os meios de base a que os jogadores recorrem, quer individualmente, quer colectivamente, tanto na fase de ataque, como na fase de defesa, no sentido de solucionar as situações concretas do jogo".

Princípios de jogo - Brito (2003) define princípios de jogo como sendo "as linhas orientadoras básicas que coordenam as atitudes e comportamentos técnico - tácticos dos jogadores quer no processo ofensivo, quer no processo defensivo".

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Metodologia de Treino Coerver


1 • Ball Mastery: Exercícios em que cada jogador trabalha individualmente com a bola, usando repetições com os dois pés.
2 • Receiving and Passing: Exercícios para melhorar o primeiro toque, encorajando e ensinando passes arriscados e criativos.
3 • Moves (1v1): Exercícios e jogos para ensinar movimentações individuais para criar espaço em relação às defesas contrárias.
4 • Speed: Exercícios e jogos que permitem melhorar a aceleração, as corridas com e sem bola, bem como a mudança de direcção.
5 • Finishing: Exercícios e jogos para ensinar técnicas e encorajar o remate instintivo.
6 • Group Play: Exercícios e jogos para melhorar as combinações entre pequenos grupos com ênfase no contra-ataque rápido.
O primeiro bloco (Ball Mastery) é a base do desenvolvimento do jogador e é essencial para o progresso dos outros blocos. No entanto, esta pirâmide não pode ser entendida duma forma estanque, isto é, cada nível não deve ser trabalhado ao máximo de forma a trabalhar-se o nível seguinte. Em vez disso, o progresso do jogador deve ser conseguido à medida que as capacidades e as técnicas descritas em cada bloco se tornarem progressivamente mais fortes. A metodologia de treino Coerver® é recomendada por grandes individualidades do mundo do futebol, sendo a seguir apresentadas algumas das suas opiniões:• Arsene Wenger, treinador do Arsenal " É essencial que os jovens jogadores com menos de 15 anos usufruam das melhores metodologias disponíveis de forma a desenvolvermos jogadores de elevado nível no futuro. Neste sentido, eu admiro a metodologia Coerver®, pois é original e a sua ênfase é feita na melhoria das capacidades individuais como base para ensinar os jovens jogadores é, na minha opinião, correcta. É uma componente importante no desenvolvimento do futebol nos jovens do Arsenal. "• Franz Beckenbauer, campeão do mundo pela Alemanha " Eu aprecio muito a metodologia Coerver®, pois é muito orientada para a melhoria das capacidades técnicas. Treinar as capacidades técnicas e os jogos que são usadas nesta metodologia é para os jovens jogadores a chave para se tornarem jogadores de futebol com muito valor. "• Aime Jacquet, treinador da selecção Francesa campeã do mundo em 1998 "Eu acredito que os jovens que usufruem nos seus treinos desta metodologia beneficiam de um dos métodos de treino líder em termos mundiais, tendo inclusivamente ajudado o futebol Francês a ter mais sucesso."• Roberto Rivelino, campeão do mundo pelo Brasil " Qualquer jogador jovem a partir dos 8 anos devia evoluir no futebol com este tipo de abordagem. Eu estou plenamente convencido do valor desta metodologia. "• Juergen Klinsman, campeão do mundo pela Alemanha " Eu certamente que usufrui em algumas situações deste tipo de metodologia quando era jovem... e certamente que me tornou um jogador melhor. "• Osvaldo Ardiles, campeão do mundo pela Argentina " Esta metodologia é fantástica... podendo melhorar toda uma geração de futuros jogadores "• Gerard Houllier, director da federação francesa de futebol em 1998 " O aspecto mais importante na aprendizagem de jogadores jovens é a técnica... e seguindo esta prioridade certamente ajudou a que a França se tornasse campeã do mundo. Nós usamos e continuamos a usar esta metodologia para ajudar os jovens jogadores de futebol na França. " . . .Dá que pensar não dá? Houllier campeão de França pelo Lyon, já treinou o Liverpool. Klinsmann terceiro classificado no Mundial de 2006 pela Alemanha. Aime Jacquet campeão do Mundo pela França em 1998. Arsene Wenger, um dos melhores formadores do mundo e campeão pelo Arsenal, finalisata da Champions no ano passado... Eles pensam assim... Contra factos não há argumentos. Era disto que ía falar na reunião de hoje... que ía haver, mas já não há. Paciência...

Festival TRIP anima zonas ribeirinhas

A noite de sábado vai ser diferente nas zonas ribeirinhas de Porto e Gaia, que vão ser invadidas por animação de ruae espectáculos inéditos emPortugal. Esta vai ser uma pequena antecipação de um megafestival, o TRIP– Festival Internacional de Rua, que pretende transformar-se numa referência cultural em Portugal. O TRIP, cuja primeira edição será em Setembro de 2008, pretende ser o grande momento cultural e turístico de toda a Área Metropolitanado Porto, vocacionado para captar públicos nacionais e internacionais
No sábado, a animação começa às 22h30, com a actuação dos Per’Curtir que vão percorrer as ruas entre o Palácio da Bolsa e a Praça do Cubo, no coração da Ribeira do Porto. Depois, e com os holofotes apontados ao rio Douro, as cidades do Porto e de Gaia vão testemunhar actuações distintas num programa de animação com duas horas que tem como grande momento, inédito e simbólico, a travessia do rio Douro pelo equilibrista Ramon Kelvink, à semelhança do que já fez nas maiores capitais do Mundo. O equilibrista vai percorrer 200 metros de cabo de aço (sem rede de protecção), ligando as duas margens, numa travessia acompanhada de efeitos luminosos e pirotécnicos. O Festival de rua contempla ainda o espectáculo Mobile Home, uma performance da companhia de teatro de rua Transe Express que se vai apresentar por cima do rio. Destaque ainda para o desfile de zés-pereiras e gaiteiros e, no final da noite, na Praça Super Bock, no cais deGaia, para a actuação dos portugueses Mesa.

25% dos europeus correm risco de roubo de identidade na net


Um em cada quatro europeus (25%) corre sérios riscos de roubo de identidade ou de fraude online devido à fragilidade das suas palavras-passe, alerta estudo recente da McAfee, empresa de tecnologia de segurança

Esta vulnerabilidade dos inquiridos deve-se ao facto de 24% deles utilizarem sempre a mesma palavra-passe para aceder a todas as suas contas. Destes, aproximadamente metade (43%) nunca as altera, o que aumenta o risco de exposição da sua identidade, bem como a possibilidade da senha ser roubada ou pirateada.
Cerca de 16% dos inquiridos alteram este tipo de código de acesso uma vez por ano e somente 11% a muda três vezes por ano, como é recomendado.
Esta negligência na segurança só facilita a vida aos cibercriminosos, pois «é como deixar as chaves do nosso carro na ignição», refere Mathew Bevan, um ex-pirata informático.
Passwords devem ser longas
Para evitar a susceptibilidade às ameaças, os especialistas em segurança aconselham o uso de palavras-passe extensas e complexas, algo que não é seguido na prática. De frisar ainda que um terço dos europeus usa senhas compostas por um a seis caracteres.
Palavras mais frequentes
Dos nomes mais utilizadas na Europa destacam-se o do animal de estimação, as datas de aniversário, a equipa de futebol ou a cor favorita, o nome do parceiro e mesmo o seu nome próprio. O hobby e o primeiro colégio também são escolhas frequentes.
Falta de código no telemóvel
Na comunicação móvel, os cuidados também são poucos, sendo que dois terços dos inquiridos não dispõem de código PIN para protecção dos seus dispositivos. Dos que dispõem de código, 76% não o alteram e 29% utilizam o predefinido por defeito.

Portugal e mais 23 países assinam Convenção contra Exploração e Abuso Sexual

Portugal e mais 23 países, dos quais 14 da União Europeia (UE), assinaram hoje uma Convenção do Conselho da Europa contra a Exploração e Abuso Sexual Crianças que visa criminalizar práticas como a pornografia infantil em alguns Estados.
Em declarações à agência Lusa, o ministro da Justiça português explicou que a convenção «serve para proteger melhor as crianças, criminalizando práticas que em certos Estados não estavam contempladas na lei penal».
De entre essas práticas, Alberto Costa destacou «a pornografia infantil, o recurso à pornografia infantil e a exploração sexual no ciberespaço», realçando que entre os 24 países assinantes, muitos dos que não fazem da UE «não tem a sua ordem jurídica-penal actualizada nestas matérias».
Quanto a Portugal, o ministro considera que «o trabalho de casa está feito com a entrada em vigor do novo Código Penal (CP), que contemplou todas estas novas necessidades de protecção das crianças».
Porém, adiantou que "quando esta convenção for aprovada pela Assembleia da República e promulgada pelo Presidente da República será necessário afinar a situação dos condenados por crimes sexuais contra crianças".
De entre estes ajustes, Alberto Costa destacou a proibição de acesso dos condenados por crimes sexuais a certas actividades profissionais que sejam de contacto directo com as crianças, para evitar a reincidência".
A convenção deverá entrar em vigor em Portugal no próximo ano e servirá de base para o «desenvolvimento e aperfeiçoamento do direito à luz dos padrões internacionais».
A adopção deste texto integra-se no programa trienal "Construir uma Europa para e com as crianças", lançado há um ano pelo Conselho da Europa e integrado por 47 países que têm como objectivo a defesa dos direitos humanos e do Estado de Direito.
Reunidos em Espanha, os ministros da Justiça dos 47 Estados do Conselho da Europa vão hoje e sexta-feira analisar também uma aproximação comum no acesso à justiça por parte de grupos mais vulneráveis como é o caso dos imigrantes, nomeadamente os ilegais, candidatos a asilo e menores.
Alberto Costa, enquanto representante da presidência portuguesa da UE, explicou que pretende dar conta das medidas que têm sido impulsionadas pelos 27 estados-membros.
«Uma das nossas prioridades é a protecção das crianças. Pretendo falar da criação do portal europeu de Justiça com a inclusão de uma lista de crianças desaparecidas e a criação do sistema de alerta de rapto com ajuda da comunicação social».
Questionado sobre a proposta do ministro italiano das Comunicações para a criação de uma polícia europeia contra a pedofilia, assim como de uma lista negra de sítios na Internet com pornografia infantil, o ministro da Justiça defendeu «não tanto a multiplicação de organizações, mas sim, uma melhoria imediata da capacidade de intervenção e dos resultados da Europol».
«Há vários anos que estamos a trabalhar no sentido de dotar de condições a Europol. O problema está na articulação das polícias nacionais», concluiu.
Segundo dados apresentados em Maio, os crimes sexuais contra crianças e jovens triplicaram em Portugal nos últimos cinco anos, tendo a Polícia Judiciária registado 1.300 casos em 2006 contra menos de 400 em 2001.
Dos casos de abuso sexual registados em 2006, 81% (quatro em cada cinco) foram cometidos por familiares próximos e 28% por vizinhos.
A maioria dos crimes fora cometida em casa (60,45%) e os restantes em locais ermos (7,69%), escolas ou colégios (4,46%) ou em meios de transporte (4,22%).
Os dados referem ainda que 34% das mães das crianças e dos jovens são as principais denunciadoras.
Estes crimes são também denunciados pelo pai (14%), pelas comissões de protecção de menores (10%), pelo tribunal (7%) e pelas escolas (cinco por cento). Em 96% dos casos o agressor era do sexo masculino.

Investimento de 955 milhões em Vilamoura cria lagos navegáveis com casas e hotéis


O projecto Cidade Lacustre inclui três lagos e vários canais, em redor dos quais vão surgir vivendas e apartamentos com decks sobre a água, piscinas e postos de amarração
Um conjunto residencial de vivendas e pequenos prédios rodeado de canais de água e de lagos navegáveis, pelo menos dois hotéis de luxo, dois aldeamentos turísticos e uma zona comercial são os principais atractivos do projecto Vilamoura, Cidade Lacustre, que representa um investimento de 955 milhões de euros e cujas obras devem arrancar no próximo ano.O projecto, que foi apresentado ontem no Salão Imobiliário de Lisboa, vai desenvolver-se numa área de 16.800 hectares junto à marina de Vilamoura, à praia da Falésia e a cinco campos de golfe. Para o local está prevista a construção de uma área de 316 mil metros quadrados, entre as vertentes residencial, comercial e turística.A água é a grande protagonista do projecto, que inclui três lagos e vários canais navegáveis, além de um total de cerca de 300 postos de acostagem, permitindo aos residentes e aos turistas circular no interior da Cidade Lacustre nos seus barcos privados, em táxis aquáticos ou nas pontes e caminhos pedonais que vão ser criados para o efeito. No total, segundo o director de relações externas da Lusort, haverá "300 mil metros quadrados de superfície de água e quase oito quilómetros de margem", estando prevista uma monitorização "em contínuo" da qualidade da água e a sua "renovação total" a cada 34 dias. O projecto prevê um investimento de 955 milhões de euros, dos quais 100 milhões são para infra-estruturas e 525 para a edificação das zonas comerciais, de mais de 2490 residências e de pelo menos dois hotéis de cinco estrelas e dois aldeamentos turísticos, com um máximo de 3085 camas. Jorge Moedas acredita que a construção das infra-estruturas poderá arrancar no primeiro semestre de 2008 e prolongar-se durante cerca de dois anos, após o que terá início a construção dos edifícios. As moradias e os apartamentos vão nascer na margem dos lagos, com decks projectados sobre a água, piscinas e postos de amarração para embarcações com um comprimento máximo de 12 metros. A zona central do complexo vai ter 14 mil metros quadrados de zonas comerciais, mais de 500 lugares de estacionamento subterrâneo e um palco central sobre a água, onde haverá espectáculos e animação. "É um projecto que certamente marcará o futuro de Vilamoura e do Algarve", afirmou o director de relações externas da Lusort, defendendo que o Cidade Lacustre, da autoria do estúdio de arquitectura de Rafael de la Hoz, assenta "num conceito absolutamente inovador" devido à sua "ligação à água". Segundo Jorge Moedas, a comercialização dos imóveis ainda não tem data para arrancar, mas já se sabe que a Inglaterra, Irlanda, Alemanha e Portugal serão mercados privilegiados para o efeito. A Lusort é um dos cerca de 160 expositores do Salão Imobiliário de Lisboa, de acordo com uma lista divulgada pela organização e que inclui promotores, mediadores, empresas de construção, instituições financeiras, gabinetes de arquitectura e empresas de gestão de condomínio. Cerca de 30 mil visitantes são esperados no Salão Imobiliário de Lisboa (SIL), que arrancou ontem e se prolonga até domingo no Parque das Nações, número que representa um acréscimo de 32 por cento em relação à última edição. A Câmara de Lisboa não está presente no certame, por razões de "contenção de custos", mas em comunicado apregoa a importância do SIL "como centro de negócios e de contactos imobiliários" e classifica-o como "o principal evento de dinamização do sector em Portugal".

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Treino Científico - Câmaras hipóxicas

O que são câmaras hipóxicas? Hipoxia é por definição a diminuição do teor de oxigénio no sangue. Esse é um dos efeitos da altitude no organismo, o que, por outro lado, obriga a um transporte mais eficaz desse mesmo oxigénio às células, o que se consegue através do aumento da produção de eritropoietina endógena e consequente subida do hematócrito (percentagem de glóbulos vermelhos, as células que transportam o oxigénio). É isto que se pretende com a utilização das câmaras hipóxicas - uma espécie de tenda do tamanho de uma cama de casal em que os atletas são submetidos a um ambiente que simula altitudes durante várias horas por dia (oito a 12, por exemplo enquanto dorme). Quanto maior a altitude, maior o aumento do hematócrito, logo, da capacidade de transporte de oxigénio às células, logo melhor é o rendimento desportivo. Os colombianos, que domingo jogaram a 2600 metros de altitude e quarta-feira o farão a 3600, têm as suas câmaras reguladas para uma altitude de 4500 metros. "Por um lado, há o aspecto físico. Por outro, o psicológico, porque com este tipo de trabalho os atletas já sabem o que sentem quando respiram pouco oxigénio".


Câmaras hipobáricas

Outro tipo de aparelhagem que permite simular condições diferentes das reais são as cãmaras hipobáricas - estas alteram as condições da pressão atmosférica e são usadas, por exemplo, para trein de mergulho (aumento de pressão) ou aeronáutica (diminuição da pressão).


Medicina hiperbárica. Efeitos fisiológicos.

A redução do volume e do diâmetro das bolhas de gás inerte, contidas no organismo humano, proporcionada pela elevação da pressão ambiente (conforme estipulado pela lei de Boyle), a promoção da sua dissolução, pela criação de gradientes de pressão que promovem a difusão do gás inerte do interior dos êmbolos gasosos para os tecidos circundantes, e o aumento da quantidade de oxigénio (O2) molecular dissolvido no plasma (de acordo com a lei de Henry), das tensões arteriais deste gás e da sua transferência para os tecidos, proporcionado pelo aumento da pressão parcial de oxigénio ao nível dos alvéolos pulmonares, resultante sua inalação, no estado puro, em ambiente hiperbárico (em conformidade com a lei de Dalton), são os principais mecanismos fisiológicos que fundamentam o recurso à OTHB em determi­nadas situações patológicas48-57.

A inalação de oxigénio puro em ambiente hiperbárico causa o aumento das pressões parciais do O2 alveolar (lei de Dalton), responsável por uma maior difusão de moléculas deste gás para o sangue capilar pulmonar (lei de Henry), as quais saturam, em breves instantes, a hemoglobina eritrocitária, passando, a partir de então, a ser transportadas em quantidades progressivamente maiores, sob a forma dissolvida no plasma, até que se atinja o estado de saturação dos capilares pulmonares em oxigénio.

Este processo pode ser calculado, em conformidade com a lei de Henry, pela seguinte fórmula: O2 dissolvido (vol%) = 0.0031 (ml O2/100 cm3/mmHg) X PaO244.
Assim se compreende que, com inalação de oxigénio puro à pressão de três atmosferas absolutas, a quantidade de O2 molecular dissolvido no plasma aumente de 0,285% para cerca de 6% do volume plasmático total, a que correspondem tensões arteriais de O2 (que dependem exclusivamente da fracção deste gás dissolvida no plasma) de cerca de 2 000 mmHg (cerca de 20 vezes superiores às que se obtêm com inalação de ar ambiente ao nível do mar)49,51.

Para além da maior quantidade e distância de difusão peri‑capilar do O2, causada pela elevação das suas tensões arteriais58, o oxigénio livre, dissolvido em maiores quantidades no plasma sanguíneo, difunde‑se para territórios inacessíveis às moléculas deste gás que são transportadas pela hemoglobina eritrocitária, fazendo com que no decurso de uma sessão de oxigenoterapia hiperbárica, realizada a duas atmosferas absolutas, os valores das tensões tecidulares de O2 ascendam aos 400 mmHg (cerca de 10 vezes superiores aos que se obtêm com inalação de ar ambiente ao nível do mar)59,60.

Tais mecanismos fisiológicos tornam esta terapêutica útil em situações que cursam com hipóxia ao nível dos tecidos, seja ela anémica (intoxicação pelo monóxido de carbono, com formação de carboxihemoglobina, com a subsequente diminuição da capacidade de transporte sanguíneo de O2, por exemplo, com tensões arteriais de O2 normais e níveis de oxihemoglobina e tensões tecidulares de O2 diminuídos), citotóxica (intoxicação pelo monóxido de carbono e cianídrica, com inibição da “respiração” celular por bloqueio de cadeias enzimáticas mitocondriais, com tensões arteriais e tecidulares de O2 normais e níveis de oxihemoglobina inalterados), ou isquémica (por arteriopatia obstrutiva, infecção e edema, com tensões arteriais de oxigénio e níveis de oxihemoglobina normais e redução das tensões tecidulares de O2, com hipoxia)55-57.

A OTHB, não só proporciona um aumento significativo da disponibilidade do oxigénio molecular ao nível dos tecidos, como causa uma vasoconstrição hiperóxica, não hipoxemiante, selectiva, ocorrendo predominantemente, ao nível dos tecidos sãos61-63, com atenuação do edema64 e redistribuição da volémia periférica a favor dos tecidos hipóxicos (efeito “Robin Hood”), mecanismo fisiológico este, que acentua os efeitos anti‑isquémicos e anti‑hipóxicos, desta modalidade complementar de tratamento, ao nível das extremidades55,56.

O aumento da disponibilidade local de oxigénio molecular ao nível das lesões hipóxicas, promove, por sua vez, a sua cicatrização (aumento, quantitativo e qualitativo, do colagéneo fibroblástico, depositado ao nível da matriz extracelular de tecido conjuntivo65,66, estimulação da angiogénese local67,68, e da reepitelização69) e combate a infecção local (aumento da actividade fagocitária das bactérias70 e da sua lise ao nível dos granulócitos polimorfonucleares neutrófilos66,71, sinergismo em relação a certos antibióticos, efeito bacteriostático e bactericida, este último em anaeróbios estrictos72-74).

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Campanha “Pobreza Zero” mobilizou mais de 65 mil portugueses


A campanha "Pobreza Zero" mobilizou, ontem, 65.753 portugueses, em Lisboa, para dar voz à luta contra a pobreza e aos oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. O objectivo inicial era conseguir reunir 50 mil pessoas.
A finalidade da mobilização era "encorajar a sociedade civil, o Governo e a Assembleia da República a aceitar o desafio da erradicação da pobreza e o cumprimento dos oito objectivos de Desenvolvimento do milénio", segundo a organização da Campanha "Pobreza Zero". Os portugueses juntaram-se em frente à Assembleia da República, às 17h00, dando corpo à iniciativa "Requiem", que Portugal aderiu sob a organização em parceria com a Pobreza Zero e o Coro Vox Laci. "Uma oportunidade de elevar as suas vozes para fazer tanto uma declaração artística como política e assim apoiar a luta contra a pobreza global", explicou a organização. No âmbito da mesma campanha mundial contra a pobreza, que começou terça-feira à noite e se prolongou até às 21h00 de ontem, 400 estudantes juntaram-se na Alameda da Cidade Universitária para participar no "Despertar contra a pobreza". Criaram uma cama gigante na relva, para depois, ao som de um sinal, se levantarem contra a pobreza. Uma em cada seis pessoas no mundo vive em condições de extrema pobreza, não tem acesso a medicamentos, nem à educação básica. Em Portugal, uma em cada cinco pessoas vive em situação de pobreza.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Pobreza ameaça a classe média


As famílias atingidas pelo desemprego e endividamento são os novos rostos dos dois milhões de pobres que existem em Portugal. A chamada classe média, esganada pelos créditos ou apanhada nas malhas do desemprego crescente, constitui uma nova forma de pobreza, que desafio os estereótipos associados a esse fenómeno. Hoje, Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, milhares de pessoas levantam-se para lembrarAs estatísticas do Eurostat revelam que 20% da população portuguesa vive na pobreza. Dois milhões de pessoas, portanto. Na União Europeia, a taxa de pobreza situa-se nos 16%, o que coloca Portugal no top 10 dos estados-membros mais pobres.Os números não são novos. O padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, diz mesmo que há décadas anos que se fala nessa percentagem. "Com tantos milhões de euros em programas contra a pobreza, porque é que o número de pobres não diminuiu?", questiona.Para perceber, comecemos pela definição técnica de pobre. É considerado pobre quem ganha menos de 60% da mediana dos salários do seu país. Isto é, quem tem rendimentos inferiores a 60% do vencimento auferido por metade da população. No caso de Portugal, corresponde a 360 euros por mês, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística referentes a 2004. O conceito de pobre varia, portanto, de país para país. O que significa que os 68 milhões de pobres que existem na União Europeia têm níveis de vida muito diversos. Um pobre na Suécia viveria confortavelmente em Portugal ou na Lituânia.Ter emprego não significa estar acima do limiar de pobreza. O mito de que só quem não trabalha cai nas malhas da miséria é desmentido pelos números 14% dos portugueses que trabalham estão em risco de pobreza, de acordo com dados da Rede Europeia.Novos pobresO problema é que não ganham o suficiente para pagar as contas. Isabel Jonet, directora do Banco Alimentar (BA), diz mesmo que os novos pobres são aqueles que contraíram créditos ou assumiram responsabilidades financeiras que já não conseguem honrar, seja porque perderam o emprego ou porque o custo de vida está cada vez mais elevado. O BA recebe um número crescente de solicitações , que encaminha para instituições com quem tem protocolos, de pessoas que, vencendo o pudor, pedem ajuda.Estes novos fenómenos desafiam também as classificações tradicionais de classe média. "Se 20% dos portugueses concentram 80% da riqueza, já não há a chamada classe média", explica o padre Jardim Moreira. As desigualdades sociais, em Portugal, são ainda mais chocantes do que no resto da Europa. Segundo dados da Eurostat, referentes a 2004, o grupo com mais rendimentos ganha sete vezes mais do que a franja mais desfavorecida."O que tem sido feito é gerir a pobreza, não resolvê-la", critica o padre Jardim Moreira. Uma das formas de camuflar a real dimensão do problema é aumentar as transferências sociais (subsídios e outras prestações). Se fossem cancelados todos esses apoios, a taxa de pobreza, em Portugal, aumentaria para 38% e na Europa 40%, o que é revelador da "subsidiodependência".Os idosos que vivem sós e as famílias com dois ou mais dependentes apresentam um risco de pobreza substancialmente mais elevado (42%) do que a restante população, de acordo com dados do INE.Para quebrar o ciclo da pobreza, os especialistas são unânimes na necessidade de investir na educação. Neste parâmetro, o nosso país apresenta também indicadores desoladores a taxa de abandono escolar é de 39% (quando na Europa não ultrapassa os 15%).

Quarenta e cinco mil portugueses aderem à iniciativa mundial "Levanta-te" contra a pobreza


Cerca de 45 mil portugueses deverão aderir hoje à iniciativa mundial "Levanta-te" contra a pobreza para assinalar o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, uma das metas traçadas pela ONU nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
A iniciativa, desenvolvida em Portugal pela “Campanha Pobreza Zero”, deverá registar-se um pouco por todo o país em escolas, empresas e associações até às 21h00 de hoje. Portugal está próximo de atingir o objectivo proposto de conseguir este ano que 50 mil portugueses se levantem contra a pobreza.Uma em cada seis pessoas no mundo vive em condições de pobreza extrema, não tem acesso a medicamentos nem à educação básica, indicam dados internacionais. Em Portugal, um em cada cinco vive em situação de pobreza.Por outro lado, 12 por cento da população global - ou seja, o grupo dos 22 países mais ricos do mundo, em que se inclui Portugal - consome 80 por cento dos recursos naturais disponíveis.As inscrições para esta iniciativa começaram há cerca de três semanas e, segundo a organização, a perspectiva de adesão já ultrapassa os valores atingidos em 2006.Em 2006, 20 mil portugueses inscreveram-se na acção "Levanta-te contra a pobreza", contribuindo assim para o número mundial de 23,5 milhões de pessoas que aderiram a iniciativa.Estes milhões de vozes recordaram aos líderes mundiais que a cada dia que passa 50 mil pessoas morrem de pobreza extrema, que o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior e que os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, assumidos pelos governos nas Nações Unidas de reduzir para metade a pobreza extrema até 2015, estão em risco. Este ano 45 mil portugueses já anunciaram a sua participação realizando mais de 2000 acções que em vários pontos do país.Mais de 60 escolas, desde o pré-escolar até ao ensino universitário, aderiram ao "Levanta-te contra a Pobreza", sendo as crianças e jovens convidados a vestir de branco.Na Alameda da Cidade Universitária os estudantes do ensino superior decidiram aderir à iniciativa mundial criando a acção "Desperta contra a Pobreza". O objectivo é reunir centenas de estudantes universitários numa cama gigante para que os participantes se "deitem juntos" e "despertem juntos contra a pobreza". Para participar nesta curta sesta, explicam os organizadores, os estudantes terão apenas de se dirigir à tenda da Associação PAR, situada ao cima da Alameda, para levantar o número de participante e uma almofada insuflável.Ainda na zona de Lisboa, está prevista a realização às 17h30, em Telheiras, de uma "assobiadela contra a pobreza" assim como de um desfile com cordão humano desde a estação do metro até à esquadra da PSP onde será entregue um manifesto dirigido ao Governador Civil de Lisboa.A Delta cafés é uma das empresas que decidiu aderir à campanha, contribuindo com a divulgação dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio nas suas saquetas de açúcar. No total são 20 saquetas para coleccionar e que ajudam a despertar a sociedade para o problema.Também a TMN se propôs a enviar a todos os seus clientes SMS de alerta para que participem na iniciativa.A campanha Pobreza Zero foi lançada pela OIKOS em 2005, ano de importantes acontecimentos, tais como a Cimeira da ONU do Milénio + 5, a reunião do G8 na Escócia, onde foram perdoadas dívidas de vários países pobres e a Cimeira da OMC, onde se discutiram também importantes questões do comércio internacional. Actualmente a campanha é desenvolvida com mais organizações: a Amnistia Internacional, os Médicos do Mundo e a Quercus.


Dia Internacional da Erradicação da Pobreza