sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Jogo limpo por linhas tortas

George Orwell escreveu uma vez que "o desporto a sério não tem nada a ver com o fair play". "Está cheio de ódio, inveja, vaidade, um completo desrespeito pelas regras e um prazer sádico em testemunhar actos de violência. Por outras palavras, é uma guerra sem os tiros", escreveu. É claro que Orwell era conhecido por ser particularmente cínico, mas o desporto praticado no seu tempo, o início do séc. XX, embrulhado na brutalidade dos nacionalismos excessivos que marcaram essa época da história da humanidade, dava-lhe alguma razão. Entretanto as coisas mudaram. Cem anos podem ter esse efeito na humanidade em geral e no desporto em particular. O "fair play" é uma parte fundamental do desporto moderno e uma das bandeiras da FIFA e da UEFA, por exemplo. Contudo, mesmo em pleno século XXI, há alturas em que o desporto a sério não tem nada a ver com "fair play", alturas em que é difícil perceber onde começa e onde acaba o jogo limpo. Será que existe "fair play" em explorar a desvantagem de uma equipa adversária que resulta de lesão pontual de um dos seus jogadores? Será que existe "fair play" em simular uma lesão para travar o normal fluxo de jogo? Quem pode avaliá-lo? De acordo com os meios mais recentes orientações da UEFA, a desicão sobre a necessidade de paragem do jogo para assistir um jogador é a exclusiva responsabilidade do árbitro. E já vai sendo tempo de os árbitros assumirem as suas responsabilidades, libertando os jogadores do peso de decisões que não lhes compete tomar e que podem ter influência na desfecho do jogo.

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