Filhos inteligentes e com boas notas na escola estão nos sonhos de qualquer pai e mãe. Porém, muitos ficam sem saber o que fazer quando descobrem que o pequeno mostra aptidão bem maior que os outros de sua idade em relação a diferentes temas, como mapas, galáxias espaciais, bichos pré-históricos ou livros e se revela um superdotado. “O diagnóstico de superdotação deve sempre ser feito por um profissional”, diz Maria Clara Sodré, doutora em educação de superdotados pela Universidade de Columbia (EUA). “Porém, os não-especialistas, como os pais e os familiares da criança, geralmente descobrem meio de comparações”, diz ela, que também é diretora técnica da Acerta (Assessoria Cultural e Educacional no Resgate a Talentos Acadêmicos), entidade fundada há pouco mais de um ano no Rio de Janeiro para prestar assistência a crianças e adolescentes superdotados e seus pais e familiares.
Um dos traços mais nítidos do superdotado é a precocidade para determinadas tarefas. Algumas costumam fazer coisas esperadas de crianças mais velhas, como falar mais cedo ou aprender a ler a partir dos três anos de idade. Outra característica comum é a dedicação quase obstinada às tarefas de interesse. “Eles esgotam um assunto e depois partem para outro”, explica Maria Clara. Estas crianças também costumam mostrar pensamentos divergentes e não se satisfazem com respostas evasivas, como os famosos “porque sim” ou “pergunte para o seu pai”. “O superdotado costuma ser um dos mais criativos da turma e é aquele que inventa brincadeiras e jogos”, explica Maria Clara.
Isolamento – No entanto, a rapidez para aprender sobre alguns assuntos pode provocar o isolamento em determinadas situações. “Este problema chama mais a atenção na criança pequena que, por ser mais precoce, pode ficar fora do ambiente”, conta ela. “Uma das crianças atendidas pela Acerta já conhecia 150 bandeiras aos três anos de idade. Quando entrou na escola, muitos em sua turma mal sabiam falar”. Para amenizar este problema, a entidade promove encontros e oficinas entre crianças superdotadas da mesma faixa etária, além de oferecer assistência também para os pais. “Abrimos espaço para que eles conversem, troquem impressões e vejam que não estão sozinhos”, diz Maria Clara.
Falta de assistência – O acompanhamento a crianças que manifestem precocidade é fundamental para garantir o desenvolvimento de suas potencialidades. A falta de assistência pode fazer com que o superdotado nivele-se aos outros ao longo de seu desenvolvimento. Um exemplo que pode ocorrer é o de alguém que tire notas menores ou não se esforce em estudar apenas para ser aceito em seu grupo ou não ter fama de “CDF”. O jovem que não tiver chance de desenvolver suas capacidades pode também se tornar um problema para a instituição onde estuda e para a sociedade. “Ele pode se revoltar e ser o anti-exemplo, que sempre vai expulso”, diz Maria Clara. Para a educadora, criminosos como Fernandinho Beira-Mar e Marcola podem ser exemplos claros de superdotados cujas potencialidades não foram aproveitadas nas escolas. “Ambos não chegariam à perfeição do crime se não fossem brilhantes”.
quinta-feira, 13 de março de 2008
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